Um triste fim

Foi mulher frágil. Casou-se cedo com o primeiro homem que namorou.

Ele, com temperamento complicado, ofereceu à ela inconstâncias e traições. Mesmo tendo sido alertada, nunca desistiu de viver com ele o que pensava ser o certo. E assim sua vida seguiu com muito trabalho, dois filhos, tendo a sua casa como refúgio. De lá não saia a não ser para visitar sua a mãe, fazer compras ou trabalhar.

Negando por muito tempo um cansaço incontrolável, em determinado dia perdeu as forças e não mais resistiu a um câncer agressivo na pleura, já com metástases no cérebro.

Seu mundo acabou. Negou a doença, negou a família, culpou gente próxima e morreu antes mesmo de ter morrido.

A linda mulher que, apesar da sua vida difícil, nunca deixou a vaidade e a beleza de lado, caiu num abismo sem fim e, dos seis meses previstos com vida pelo seu médico, ela resistiu somente quatro.

Tudo rápido demais para quem estava à beira da aposentadoria, com planos de muito descanso e, quem sabe, alguma mudança de vida, que nunca tinha tido coragem para enfrentar.

Seu corpo foi velado por poucas horas, tendo como pano de fundo os filhos desesperados. Na saída para o sepultamento, como se estivesse tomando frente ao cortejo, impostou-se no céu um lindo arco-íris. A emoção foi geral ... Uma imagem que ficou para sempre na vida da família e amigos.

Foi providenciada uma imagem do arco-íris – que foi fotografado por muitos – e feita uma montagem com uma linda foto dela para adornar o seu nicho. Lá ficou ela sorrindo junto às cores do arco-íris que, até hoje, passados nove anos, sempre que aparece traz boas lembranças. Uma sensação de que ela está colorindo o seu novo mundo assim como o arco íris colore o céu após a chuva.

E, para coroar a imagem, sua neta mais nova recebeu o nome de Íris. Também linda, doce e, embora com cor mais clara, trouxe ao mundo os traços da vó.

Escrita para a Oficina Provocações - Módulo 02 (Pragmatha Editora)

Rosalva
Enviado por Rosalva em 04/05/2021
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