Amor que vence barreiras!

Eu estava cansada, muito cansada!

Já tinha feito tudo quanto haviam  me ensinado para ver a minha filha completamente curada, mas nada dera resultado!

À época, ofereci todas as oferendas aos nossos deuses, mas nada fora suficiente para despertar-lhes a compaixão e mitigar a minha dor.

Houve um dia em que me desesperei. A minha única filhinha atirou-se à fogueira que estava acesa no terreiro de casa e sofreu graves queimaduras nos pés, nas pernas e nas mãos. Ouvi os seus gritos desesperados e corri para acudi-la. Ainda bem que cheguei a tempo de evitar coisa pior.

Não sabia mais o que fazer, até o dia em que minha melhor amiga, voltando da Judéia, contou-me de um certo Rabi que fazia prodígios na terra de Israel. Até andar por sobre as águas do mar da Galiléia ele andara, para se encontrar com os seus discípulos que estavam no barco, já distantes da praia, e no meio da noite.

Eu quase não podia acreditar quando ela me disse que aquele homem havia libertado uma tal de Maria Madalena da opressão de sete espíritos malignos que agiam na vida dela.

Essa era a minha dor. A minha filhinha vivia atormentada pelos demônios e nenhum dos nossos deuses conseguira libertá-la mesmo tendo eu feito tantos sacrifícios e dedicado a eles, principalmente a Baal, muitas oferendas.

Decidi viajar para a distante Judeia. Seria uma longa viagem, quase quatrocentos quilômetros de distância. Havia, porém, uma dúvida: será que ele sendo judeu, se interessaria em ajudar a mim, uma mulher gentia?

Planejei a viagem por semanas, mas não precisei viajar.

Lá estava ele, rodeado pelos discípulos em meio à multidão. Ele viera até a minha cidade. Na minha angústia, pensei até com um certo egoismo e presunção que ele viajara os quatrocentos quilômetros para se encontrar comigo.

Fui até ele chamando-o de Filho de Davi, pois logo reconheci-o como soberano. Afinal, antes dele nunca em Israel e nem mesmo na minha terra, alguém fizera tantos sinais e milagres.

Tentei falar com ele, mas fui impedida pelos seus seguidores. Insisti uma, duas, três vezes, até que consegui chegar próximo dele e pedi que ele me ajudasse e libertasse a minha filhinha da opressão do maligno.

Quase desisti quando ouvi que ele falara aos discípulos, que viera para cuidar das ovelhas perdidas da casa de Israel.

Sabe gente! Aquilo para mim foi como jogar água fria sobre as chamas de uma fogueira. Quase dei meia volta diante dos obstáculos. Normalmente não é assim que costumamos agir?

Mas a minha angústia era tão grande que eu decidi insistir.

E foi quando ele me disse que não é correto tirar o pão dos filhos para entregá-lo aos cachorrinhos, que eu pensei comigo mesma sobre o significado daquela comparação e, então, corajosa e decididamente revidei ao seu argumento para dizer que até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.

E não era exatamente aquilo que eu estava fazendo? Depois de entregar tantas oferendas a deuses que não puderam fazer nada pela minha filha, ali estava eu, diante de Jesus de Nazaré, o filho de Davi, pedindo humildemente que ele me permitisse aproveitar ao menos das migalhas do pão oferecido aos da casa de Israel.

Reconheci-me gentia e indigna de receber algo dele, mas estava disposta a me satisfazer com o mínimo que viesse das suas mãos porque reconheci que, se ele expulsara sete espíritos maus da vida de Maria Madalena, ele também tinha poder para libertar a minha filha do sofrimento e tormento diários.

Muda, em prantos, caí aos seus pés quando ouvi dele mesmo: "Mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para contigo, como tu desejas."

Depois dessa palavra, eu não conseguia parar de chorar. Ele se foi, seguindo o seu caminho. Dificilmente eu o veria de novo, mas aquele momento foi inesquecível para mim.

Voltei para casa e para minha surpresa, que não foi surpresa de fato, a minha filhinha estava me esperando, completamente curada e liberta da opressão.

Nunca mais eu O vi. Mas estou certa de uma coisa: Ele veio a mim!

Não sei como que ele soube do meu problema e da minha angústia, mas isso pouco importa.

O importante, e disso jamais me esquecerei, é que Ele me amou sem me conhecer.

Ele me amou não sendo eu uma judia, para demonstrar que o Seu amor desconhece as barreiras étnicas ou culturais.

Ele me amou mesmo sabendo que eu oferecera tantos sacrifícios a deuses que nada podiam fazer por mim.

Que amor é esse que fez com que ele deixasse o Seu lugar e viesse ao meu encontro para aliviar a minha dor e me dar nova vida?

Muitos anos já se passaram desde que tudo isso aconteceu comigo. Como se tivera ocorrido ontem, salto das páginas do Livro para te dizer que Ele, Jesus de Nazaré veio a este mundo, ao seu encontro, para te dar vida abundante em meio à dor e à angústia.

O que você acha de ir ao encontro dEle também, para receber esta vida eterna?

Quem sou eu?

Ora, isso não tem a menor importância. Sou apenas uma mulher siro-fenícia alcançada pela graça e pelo amor do Filho de Deus.

O importante mesmo é Ele, Jesus de Nazaré!

Encontre-O!

Oniel Prado

Outono de 2021

04/04/2021

BSB/DF

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 04/05/2021
Reeditado em 25/10/2021
Código do texto: T7248072
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