Nos meus sonhos

NOS MEUS SONHOS

E nesse instante, pensei num abismo. Como o meu corpo. Que caía sem parar. Precisei de coragem e segurei um copo. Apoio frágil: a queda foi ainda maior. Meus braços tiveram dificuldade em agarrar-se a algo. Falta de comando. Eu só me via cair. Voz. Gritei e então me jogaram contra a parede. Acordara finalmente. Num instante, lembrei o dia. Quando eu me afogava. Nadei com braços fortes e continuei a descer. Abracei alguém. Segurei-o pela cintura; firme. Pensei estar salva. Abandono. E, de repente, me vi tentando sair sozinha dali. Gritei e acordei. Era minha mãe, mais uma vez. Assim, instantaneamente, me vi perdida na cidade aquele dia. Ruas paralelas que iam à lugares opostos, brisa que queimava, noite que atormentava e pessoas que caminhavam lenta e infelizmente. Andava e batia com a cabeça no muro. Perdida eu estava. Nada como referência ou ponto de encontro. Tudo parecia sombrio e estranho. As pernas começaram a sentir dor e cansaço. Já não obedeciam. Foi então que vi uma luz. Guiei-me por ela, rastejando. Encontrei-me deitada, em meu quarto. O notável foi perceber o quanto eu era bonita. Ou privilegiada. Eu, naquele pesadelo, suando e sofrendo, resolvi chamar-me a atenção. Pela primeira vez, sentira pena de mim. Algo sofrível. Acordei-me e conversei seriamente. Ela tinha olhos lindos. Que me ouviram fixamente. Percebido o alívio, voltei alguns passos e reencontrei meu caminho. Deitei para descansar e, na manhã seguinte, estava bem melhor. Sonhara coisas maravilhosas.

Milena Verri
Enviado por Milena Verri em 05/11/2007
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