Chronicles in V

Nome: Michael Phillips

Idade:31

Profissão: Fotógrafo (desempregado) FreeLancer e Paparazzi.

[Após perder o emprego em um jornal, ver a sua vida amorosa desabar e cair no alcoolismo, passa a observar as pessoas ao seu redor como possíveis fontes de dinheiro ao conseguir bater fotos comprometedoras das mesmas.

A extorsão passa a ser uma boa fonte de renda, mas as consequências disso são consciência pesada, Loucura, insônia, fumo excessivo.

Ao decorrer da história passa de "mocinho" digno de pena para um frio e calculista psicopata que evita ao máximo matar alguém.]

CAPITULO 1

Às 06:30 AM o barulho do alarme do celular toca e parece uma tortura, a luz do sol vergonhosamente invade aos poucos o quarto. Seria belo mas era trágico para Michael Phillips, um fotógrafo em acensão no jornal mais importante da cidade. Olhou pro lado e se lembrou da última briga que teve com a sua ex, aquilo o entristeceu, pois a bebedeira em excesso havia sido motivo da briga e a noite anterior ele havia bebido novamente para tentar esquecer isso tudo, não havia conseguido ao que tudo indicava. Tomou um rápido café e fumou um cigarro na sacada do apartamento, gostava de sentir o vento da manhã, era uma carga extra de energia e parecia sempre ajudar a aceitar melhor aquela merda de chefe.

Saiu atrasado como de costume parou na frente da empresa e fumou um cigarro, ao se dirigir à porta encontrou o seu chefe e apertou sua mão enquanto fazia cara de paisagem e desejava bom dia.

Às 13:00 P.M foi chamado na sala da chefia e quando entrou pela porta do outro lado da mesa aquele homem gordo ja veio falando:

Mike estou lhe chamando aqui para termos uma conversa que eu não gostaria, você sabe bem o quanto te admiro como profissional e sei que as suas fotos são geralmente as melhores manchetes, e seu talento é incontestável mas...

- Pode parar com isso e ir direto ao

ponto Sr. Hoffman ? Nesse mundo nenhum elogio é de graça, já estou ficando intrigado.

- Temos que cortar gastos Mike, e recebi uma ordem do Diretor que temos que dispensar os fotógrafos e manter somente os Freelances, gostaria que vc continuasse com a gente e fizesse alguns eventos como freelance, mas infelizmente vamos ter que dar baixa na sua carteira. Furos de reportagem e Paparazzi aumentam as vendas para o público que costuma viver em função dos ídolos abrindo mão de seus próprios vícios e sonhos, mas essa conversa não é para esse momento, assine os papeis por favor Mike e muito obrigado pelo trabalho prestado.

O chefe virou a folha para que Mike pudesse lê-la e assinar nos pontos necessários.

- Seu gordo desgraçado, me fode e ainda sorri para mim... Não suporto falsidade. Pensou Mike enquanto assinava sua dispensa do cargo de fotógrafo oficial da equipe de jornalismo mais respeitada do estado. Pensou em voltar para a casa e tomar um banho, recolheu suas pastas, lentes, a Nikon e a Canon em miniaturas que ele deixava sobre a mesa, livros e Negativos antigos que ele guardara sem nem lembrar mais o motivo.

Seu celular marcava 14:38 P.M quando pegou o seu maço notou que restava somente um ultimo cigarro,

guardou no bolso da blusa e saiu sem rumo.

Pelas calçadas cheias, gente vazia correndo de um lado pro outro passavam se esbarrando falando em celulares, buzinas gritavam pelas ruas e vozes gritavam como resposta, luzes de outdoors piscavam por todos lados, sua cabeça pesava, girava e ele tentava se manter firme cambaleou para o lado esquerdo com a visão levemente escurecida quando sentiu que alguém o apoiara com a mão e perguntou com voz feminina:

- Oi moço tá tudo bem? Precisa de ajuda?

- Não, não muito obrigado deve ser só o calor.

- Venha sentese aqui nessa mesa.

Ela o segurou pelo braço, nesse momento ele já recuperando-se percebeu que era uma garçonete a pessoa com quem falava.

Ficou sentado ali por alguns minutos, e fumou o último cigarro do maço, quando notou sentada uma moça lendo um livro concentrada, na mesa ao lado um casal tiravam uma selfie com batatas na boca, e a garçonete com quem havia conversado recolhia a sujeira de algum cliente que provavelmente acabara de sair. Mike sacou seu celular e conferiu sua caixa de mensagens, não havia nada, a tempos não saia com os velhos amigos da época da faculdade, e depois que passou a morar no novo Apartamento parou de se dedicar a

manter proximidade ja que Isso partia somente dele e incomodava de certa maneira seu orgulho. Aproveitou O Smartfone na mão e fotografou a moça lendo seu livro concentrada. Ele gostava de fotografar pessoas distraidas como hobby, acreditava que a beleza das fotos estão na simplicidade.

Guardou o Smartfone levantou e caminhou até o caixa tentando por curiosidade ler algo no livro da moça, ela sorriu mas rapidamente fechou o livro e também se levantou para se dirigir ao caixa.

Ele pediu um maço de Hollywood e um café expresso, pagou e saiu pela porta, tirou um cigarro do maço e acendeu, olhou para trás e notou que o livro na mão dela era uma obra de Agatha Christie, a moça se virou e se olharam, ele desviou o olhar sem graça e saiu caminhando lentamente, soltando a fumaça para o alto.

Ao chegar em casa foi a rotina da chegada do trabalho, mas dessa vez havia chegado cinco horas mais cedo. Tomou um banho e deitou na cama, chorou por sentir que tudo dava errado, e sabia que muito disso era culpa de suas atitudes inconsequentes, aquilo estava quase se tornando parte da rotina e ele sabia que tinha que acabar com isso.

Pegou um cigarro e foi para a sacada, o sol caia lentamente e o céu se formava em um degradê de cores que iam do azul para o roxo e preto, algumas nuvens vinham do vento do Oeste e traziam luzes que anunciavam chuva, pensou nos indígenas que já haviam habitado essas terras a poucas centenas de anos antes e concluiu que provavelmente eram o povo mais feliz que já haviam habitado nesse lugar, muito mais felizes do que a nossa sociedade atual que se afundavam em consumos de coisas fúteis enquanto assistem suas vidas passarem.

Foi até a cama e abriu sua gaveta da cabeceira, pegou sua Glock e olhou por um instante, sua mente correu rapidamente pela sua ex, seu ex chefe, o presidente, e repousou em si mesmo. Deu um trago no cigarro e ouviu alguns pingos caindo, sua janela tremeu com o vento e parecia que o

universo queria dizer algo com Isso, soprou a fumaça na direção da sacada, destravou a pistola e encostou a ponta do cano no céu da sua boca, sua mão estava húmida de suor e tremia, fechou os olhos e POW POW POW... Alguém acabara de bater na sua porta, ele se assustou, rapidamente guardou a pistola na gaveta e foi ver quem era, seu celular marcava 15:58 P.M Era o Dono do apartamento cobrando o Aluguel, ele não esperava mais que 3 dias para iniciar as cobranças diárias da pessoa que atrasava o pagamento. Por sorte ou destino ele Aceitou ir embora sem muita conversa já que ele recebeu metade e a promessa que o restante iria ser pago até sexta-feira.

Retornou para a sacada e observou as luzes acesas do prédio da frente, o vizinho da terceira janela do terceiro andar havia cruzado com ele um dia antes e disse que iria viajar para Londres por 15 dias a trabalho, o vizinho também disse que seria bom ficar um pouco longe da esposa pois nos últimos meses vinham se desentendendo com uma certa frequência.

Ao se lembrar disso Mike estranhou uma pessoa abraçada com a esposa do vizinho, ele nunca havia parado para observar detalhadamente o que as pessoas faziam do outro lado daquela janelas, mas essa noite ele parecia não ter muita opção, a ex levara a sua TV e Notebook com as coisas dela, seu último companheiro era o mais fel e inseparável, seu IPhone, e ele o acompanhava para todos lugares, parecia haver desenvolvido uma dependência daquele aparelho. Sua vida toda estava exposta em um simples aparelho que cabia na palma da sua mão.

Ele colocou o aplicativo de musicas no aleatório e plugou o carregador no celular, deixou-o e cima da mesa e com um zoom da sua lente telescópica ele viu a esposa do vizinho beijando um rapaz que parecia ter metade da sua idade, havia uma garrafa de martini na mesa e os copos estavam na metade assim como à garrafa, ela dançava alguma música que ele não fazia ideia de qual era, porém pelo movimento do quadril da vizinha ele quase imaginava o saxofone tocando Careless Whisper.

Ele aproximou o zoom e apoiou o braço sobre a mesa, se aproximou da cortina e a fechou deixando somente o espaço da lente, apagou a luz do seu quarto e ficou observando aquilo da escuridão que lhe protegia de ser visto, apertou o REC por impulso ou fetiche e manteve a câmera focada.

Aquilo durou 20 minutos, na janela ele pode grava-los fazendo sexo na sala e parou quando foram para o quarto ainda juntos, ela com as pernas cruzadas por trás dele e ele a segurando pelas coxas, para que não se separassem.

Aparentemente o filho do casal tinha ido com o pai na viagem, não havia outra explicação para tanta liberdade.

Eles pareciam uma família de classe alta, moravam em um predio caro, com apartamentos caros e aluguéis caros, aqueles típicos burgueses alienados pelo consumo que não valorizam o que tem. Ali sim cabia algum sofrimento e não na sua vida a qual ele mal conseguia se suportar, mais uma vez sentiu ódio da sociedade e de toda essa realidade produzida para zumbis que ainda não morreram.

Olhou novamente para a sua gaveta, lembrou da sua arma mas decidiu que não tinha nada a ver com aguela cena de traição. Mas se tivesse talvez não pudesse controlar a vontade de atirar naquele rapaz. Desligou a câmera e ascendeu um cigarro, desligou a música do celular e notou que já era 22:19 P.M tomou um banho fez uma janta simples com um macarrão e molho de carne e bebeu um pouco do vinho que ainda restava na garrafa aberta. Massa e vinho era uma boa combinação e os Italianos sabiam bem disso a muito mais tempo. Bateu uma foto do prato com o copo de vinho ao lado e postou na rede social, aquele vicio em demonstrar felicidade mesmo quando o sofrimento está chicoteando era um mal da sociedade contemporânea e ele se via incluso nessa tolice, talvez era só oque restava a todos, viverem de aparências, status e ilusões, e a ele também. Afinal o meio influencia o Homem como diz aquele Geógrafo, e o meio que ele se encontrava era como um monte de lixo podre e isso não poderia gerar bons frutos.

No dia seguinte ele desperta as 11:00 A.M e seu celular piscando um LED anuncia que alguem lhe enviara uma mensagem, era o chefe dizendo que seu pagamento e acerto já estava depositado em sua conta.

CAPITULO 2

Slinn
Enviado por Slinn em 10/05/2021
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