Os Botecos e seus Odores.

Os bares adquirem odores peculiares...

É lírico entrar num boteco na São Bento às nove e quarenta e seis da manhã de uma terça feira, e sentir o bafor do bolor e da mortadela exposta, o quibe frito anteontem, o resto de comida nos cantos... É humanístico!

O bar bem usado pelo tempo e surrado pelos homens e mulheres perdidos que o frequentarm ou frequentaram carrega também o odor de suas almas penadas, do fragmento de suas células mortas...

O banco de um boteco da Avenida São João diz que ama todas as bundas que o sentaram...

E aquela senhora soberba, que por sobre a mesa mostrava excesso de pudor, um dia também peidou!

Pensem nos cabos de rodinhos dos becos banheiros de rodoviárias, nas velhas frustradas nas estradas, 'apanhando' carona, nas tampas de privadas, as mais humilhadas. É preciso também pensar em como pagar as contas no fim do mês para que, porventura, caso morra, morra sem débitos para com os homens e os céus!

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 11/05/2021
Código do texto: T7253244
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