Parecia obsessão deles

A pouco mais ou pouco menos de um mês, estive ajudando o Estado e seus cúmplices a enganar umas crianças em uma escola ali acolá. Juro, não fui com essa intenção, mas o acaso, mesmo eu estando distraído, não me protegeu! O acaso, no caso, a pandemia atual, só fez piorar a situação, que aliás, já não era nem de longe uma das melhores.

De qualquer maneira, não fiz tudo sozinho! Havia muitas pessoas no esquema, todos encenando o papel que mais lhe convinha, sempre de olho no tão almejado salário no final do mês, pois, afinal de contas, de uma forma ou de outra, todos nós precisamos sobreviver, não é mesmo.

O curioso, talvez por se tratar de uma escola, era que aula de verdade, para ser honesto, de fato não havia. Mas exames para serem feitos pelos os alunos, presenças e relatórios a serem preenchidos pelos professores e administradores, isso havia, havia muito, a todo momento, parecia até uma obsessão deles.

A tática que eles, o pessoal da administração, nos diziam para utilizar era a seguinte: chegando os alunos na escola, era só coloca-los frente aos computadores para responder atividades nas plataformas online, ou diante de provas físicas mesmo, e "auxilia-los" na execução. Obviamente, os alunos não tiveram qualquer aula prévia a respeito dos assuntos das atividades. Mas quem estava interessado em aluno aprender? O importante era dar nota, preencher presença e gerar novas estatísticas de desempenho, o resto se arranjava com o tempo, na escola da vida.

E, falando em escola da vida... não é que houve um dia que a escola ficou sem energia elétrica, roubaram todos os fios do poste. Na certa foi alguns delinquentes mal educados... ex alunos, será?

Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 12/05/2021
Reeditado em 14/05/2021
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