Luta

A grande luta não se trava com armas quaisquer, nem estratégias exteriores. Dessas, bons guerreiros não entendem. Talvez porque as veem como inúteis. Por ser eterna, a verdadeira luta não dá trégua, nem se faz em campo de batalha, pois ela é íntima, secreta.

A vigilância precisa ser constante. O inimigo faz parte de nós, por isso está sempre à espreita, pronto para qualquer deslize, descuido, menosprezo pela coisa que também faz parte da essência.

É uma tristeza infundada aqui, uma falta de ânimo ali, uma estagnação, um ‘se deixar esvaziar por dentro’, às vezes até uma mágoa mal curada, pior ainda, um sentimento cruel que corrói o coração e a empatia. Total desconexão com a vida. Um passo atrás, e o contrário, dá dois à frente para tomar o lugar. É assim que ele faz. E não se contenta com pouco, com a igualdade de espaço, ele avançará mais do que precisa, pois usa a surpresa a seu favor.

Criatura versus contrário.

O primeiro, fonte de luz inesgotável, fogo, centelha primordial, o segundo, apagado e sombrio, não tem luz própria, sua fonte é artificial, fria, sem aconchego, fechada em si próprio sem ter por onde expandir, tenta buscar o reflexo da luz no outro, busca o que dentro não encontra.

Há algo por detrás que se assemelha a uma loteria. O que nos faz nascer aqui ou acolá. Mas as consequências virão, seja como for o berço, pois o que foi feito e como foi feito, está feito. Sobra só a dualidade interna que, a partir daí, é contigo a escolha,

É preciso ter eixo forte para não se deixar tombar.

E é a velha história do bambu, já tão justamente explorada, que com suas hastes finas, sem arabescos nem flores, quase despercebido, passa discreto na paisagem. Por isso cresce também livre se cercando de quem é semelhante, pois sem o coletivo não encontra respaldo, proteção, abrigo.

Cresce muito, muito, muito alto. Como pode assim tão frágil e fino? A cada etapa de crescimento um ‘nó’ aparece para enrijecer a sutileza do seu tronco. É uma etapa difícil de tanto em tanto tempo, a planta precisa se deter ali mais tempo, com sacrifício. Mas o nó uma vez ultrapassado sustentará o crescimento.

A tempestade vem, ele se curva, entorta até quase o chão.

Geme, range e volta, mas não quebra.

A história evolutiva dos bambus pode ser relacionada à adaptação e diversificação em ambientes florestais. Suas lâminas foliares largas, padrões complexos de ramificação e colmos — tipo de caule encontrado em gramíneas como cana-de-açúcar, milho, arroz e bambu — altos ou apoiantes são adaptações que otimizam a busca por luz em florestas, local onde vive a maioria das espécies.

Propriedades do bambu: alta resistência à tração, leveza e flexibilidade, rápido crescimento, alta produtividade, cultivado sem produtos tóxicos (sem artifícios).

Kawer

Kawer
Enviado por Kawer em 22/05/2021
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T7261869
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