Dia dos Namorados
Dia dos namorados.
Mais um clássico 12 de junho.
Mais uma clássica compra de presentes no “dia D”.
Com atraso. Elegantemente atrasado, sempre.
Chego ao shopping e percorro as lojas atrás de algo que possa se traduzir em algum significado. Daquilo que eu represento para o relacionamento. Ou pelo menos deveria representar.
Paro em uma papelaria para finalmente comprar um cartão. Finalizar o pacote com uma mensagem autoral e significativa.
Aquela que busca justificar o grande filho da puta que você é por meio de rabiscos bonitos.
Enquanto escolho o item final, percebo a silhueta que se posiciona ao lado.
A beleza física não conseguia ocultar a leve tristeza do olhar durante a escolha do cartão.
E o radar rapidamente captou a oportunidade.
“Se ele for engraçado, você pode usar este aqui”.
Ela riu, levemente constrangida com a abordagem do desconhecido.
Mas logo se fechou respondendo que ele não costuma fazer tantas piadas.
“Se ele for mais carinhoso, você pode comprar este outro aqui”.
A frase impacta. E faz surgir o leve sorriso de canto de boca.
“Ele não tem sido dos mais amorosos ultimamente”.
Era o que eu precisava. E, após algumas sugestões, convenci Rafaela a comprar um cartão branco.
Seguindo meu lado altruísta, ajudei ela escrever a mensagem.
Usamos a caneta que encontramos na gaveta do quarto do hotel.
A mensagem ficou curta, mas significativa.
“Para o único”.
Espero que o Bernardo goste.
Foi de coração.