__________ Tecendo Letras



Selim, guidão, garupa, freios, roda de aros, pneus: pensou numa bicicleta?  Acertou, já que o pensamento não é segmentado — com cada coisa em seu porta-coisa — e as partes nos levam ao todo. Também no ato de escrever, cada gênero se compõe à sua maneira. Pensar uma crônica, por exemplo,  nos leva a agrupar elementos próprios à sua criação. Textos curtos e de fácil compreensão, que dispensam personagens e mesclam cotidiano, humor crítico, irônico e sarcástico, e linguagem simples sustentam esse gênero delicioso, que embora tido como de menor valor, é uma das formas mais aprazíveis da leitura por simples prazer.

Em paralelo, acena o conto. Este sim, já vem com narrador a tiracolo, movimentando personagens dentro de um enredo que envolve tempo e espaço. E como contar algo sem um tantinho de conflito? Não seria possível, pois que  é justamente o conflito que entrelaça  começo, meio e fim, aparando arestas e costurando pontas — quem se enredou, naturalmente exige um desfecho,  que ninguém se conforma em ficar com a expectativa pela metade.

Entre um gênero e outro, os dois possuem  seus encantos. E para apreciá-los ou criá-los, basta se entregar sem reservas ao exercício de viver, pois é aí que se tecem os melhores contos e crônicas que nos inspiram dia a dia.


Tema da Semana: Crônica ou Conto?