MÃOZINHA

Aquela parecia ser mais uma manhã normal na vida do policial Pedro Paulo, embora fosse 13 de agosto, não era uma sexta feira. Era uma segunda feira fria, em que o vento do rio Guaira deixava gelada a esquina onde o polícial iniciaria o seu plantão.

Os personagens, que diariamente enfileiravam-se por ali, eram figuras conhecidas do Brigadiano: o Zeca da carrocinha de cachorro quente; o Ari do algodão doce; o nego Zé vendedor de óculos de sol. Tinha também o Mãozinha, um pedinte, com leve defeito físico, que seguidamente era acometido de crises hepileticas, as quais não duravam mais de dez minutos e sua rápida recuperação já era do conhecimento do policial e de muitos curiosos que se

compadeciam com a cena e deixavam gordas gorgetas na caixinha, que estrategicamente o milhante tinha ao seu lado.

Pois foi nessa segunda feira, que ocorreu algo que movimentou a famosa esquina Catedrática. Mãozinha teve um de seus ataques que chamou a atenção de um jovem transeunte, que vendo a cena e acompanhado de uma moça loira, aproximou-se do local e apresentou-se como Luis Augusto, estudante de medicina, questionando porque não tinham sido tomadas providências no sentido de socorrer o pedinte.

Ao se sentir inquirido, o policial explica conhecer os sintomas e o tempo de duração do ataque de Mãozinha, afirmando não ser necessário medica- lo.

Não dando crédito as palavras do policial o jovem quase médico, acusa Pedro Paulo de omissão de socorro e usando a autoridade de "doutor" ordena que socorra a vítima.

Sentindo-se cobrado e subestimado Pedro Paulo já indignado, enfrenta o estudante e usando a sua autoridade de Policial da Brigada Militar manda que, como futuro médico, Luiz Augusto acompanhe Mãozinha a um posto de saúde. Ato contínuo praticamente empurra o estudante para dentro de um táxi. A tal comando o jovem mostra resistência, enquanto a loira se nega a entrar no veículo. O tumulto está armado. Os curiosos se aproximam e ninguém percebe que no meio de toda a confusão Mãozinha desperta e já reanimado, olha em volta e repara que a caixinha de gorgeta está cheia. Sorrindo satisfeito ele exclama: Oh! dia de sorte!!!

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 12/06/2021
Reeditado em 13/06/2021
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