Um gesto bonito
Dia desses, pela manhã, eu me encontrava parado em um sinal vermelho, quando fui surpreendido por um gesto bonito pelo condutor do veículo à minha frente. Bom! Para mim foi um gesto bonito, ao ver aquele condutor entregar duas máscaras de presente a um vendedor que o abordara, sem máscara, oferecendo-lhe os seus produtos. Uma demonstração de amor ao próximo e compromisso com o bem coletivo nestes tempos de pandemia. Se para alguns, essa atitude não teve importância; para mim, muito me comoveu.
Daí me veio a reflexão sobre a falta de divulgação de gestos bonitos, nos dias de hoje, pela mídia de um modo geral. Será que divulgar gestos bonitos não dá audiência? Não atrai cliques? Não é nada sensacional?
Pois é! A que ponto chegamos. Valorizamos os abraços, quando estamos em tempos em que abraçar tornou-se um grande mal pandêmico. Mas, será que valorizávamos os abraços, com sinceridade, antes destes tempos de pandemia? A resposta está na consciência de cada um. Cada qual sabe de si. Ou deveria saber.
Estender a mão a quem pede um consolo ou uma orientação, ou um ombro amigo, virou um “deus-nos-acuda” ou um “caso de polícia”. Infelizmente, o medo pandêmico tomou conta de muitas pessoas. É o medo psicológico, divulgado pela mídia, que mata mais do que a própria pandemia.
Voltando ao gesto bonito, o sinal abriu. É o verde. O verde do seguir em frente. O verde da esperança. Da esperança de dias melhores que virão...
E lá vou eu com as minhas reflexões sobre os tempos em que podíamos opinar sem correr risco de agressões por parte das opiniões contrárias; quando a palavra tinha força de garantia; quando os gestos bonitos eram comentados, enaltecidos e divulgados nas conversações ao luar, nos botequins e nas esquinas.