Uma manhã de sexta-feira

Sobre minha cabeça borboletas esvoaçam, enquanto árvores dançam o balé regido pelo vento, o mesmo vento que agita a água do lago em que pesco, fazendo-a marulhar; o belo martim pescador, pousado na amurada do deck, se esforça para engolir o peixe que não pesquei. Olho para cima e, lá no alto, vejo poucas nuvens esbranquiçadas que correm pelo céu azul e, mais abaixo, andorinhas executam loucas evoluções sem nenhum sentido pra mim, mas que se encaixam perfeitamente naquele quadro de natureza viva, que me absorve.

De repente, escuto uma suave voz que me diz: posso ver você pescar? É uma criança! Um menino, com um belo sorriso e olhar curioso. Saio do estado contemplativo, sorrio para ele e respondo que sim, fazendo-o prometer que não tocará nos anzóis que estão sobre a mesa. Nesse momento chega a mãe esbaforida e cara de preocupação, se desculpa, ralha com o menino por ter saído de perto dela sem avisar e o leva embora. Pouco depois recolhi os apetrechos de pesca e também me retirei.

Foi uma bela manhã de sexta-feira.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 20/06/2021
Código do texto: T7282711
Classificação de conteúdo: seguro