REINVENTAR

Fico pensando de vez em quando, que talvez tenha que fazer aquilo que tá na moda dizer. Vou ter que me reinventar. Se não fizer isso talvez tenha que parar de escrever.

Tenho sessenta e sete anos, vividos com a intensidade que parece que vivi cento e tantos.

Minha memória me ajuda muito e o que escrevo são coisas guardadas da minha vivência.

Sinto que tenho que escrever pisando em ovos, pois corro o risco de transparecer coisas que deporão contra mim mesmo.

Vou parecer um saudosista sofrido, quando falar das coisas boas que ficaram no tempo. Não sou saudosista, lido muito bem com as minhas saudades.

Parecerei um vitimista toda vez que falar sobre as partes duras que enfrentei. Não me acho vítima da vida. Tenho orgulho de tudo, pois muito eu aprendi.

Certamente que parecerei exibicionista se falar por onde eu já andei. Não foram poucos lugares, a vida me levou sem eu nem imaginar, muito menos sonhar.

Serei um narcisista ao mostrar as coisas que já fiz, que faço e que sou capaz de fazer.

Reinventar como? Não vejo mais futebol, opção consciente, virou negócio elitizado. Não iria me meter a escrever sobre esse assunto.

A política estraga o humor só de pensar nela, se fosse escrever teria que transplantar o estômago, colocando um a prova de tudo.

Para falar sobre cultura teria que conhecer do assunto e o meu conhecimento é parco.

Por essas e outras é que me pergunto: Que utilidade teria um livro meu se vou escrever sobre mim mesmo? Sei que com toda razão me dirão: seja você mesmo e escreva o que quiser! Sim, serei eu mesmo e escreverei do meu jeito, mas continua a pergunta: Serviria para que esse livro?

JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 21/06/2021
Código do texto: T7283786
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