O enfermeiro de bordo

A enfermaria é um verdadeiro confessionário. O que é dito morre ali. Certa feita o marinheiro Sanches me procurou acanhado.

- Seu cabo, é preciso falar, com o senhor!

- Diga boy! O que é que tá pegando?

Disse – lhe enquanto esterilizava um material de pequenas cirurgias. O marinheiro se mostrava, preocupado, e eu mesmo notei pelo semblante. Após a partida do porto de Santos, Sanches estava isolado e indiferente até o mais popular passa tempo de nossa Marinha de Guerra: o aliado. O marujo olhava para a enfermaria com desejo de entrar. Mas vacilava. Isso aconteceu durante dois dias, quando enfim me procurou.

- Eu preciso de uma injeção! Pois desde que partimos para a comissão, noto meu Bráulio ardendo e coçando. Fazer xixi dói muito...O que é heim?

Orientei, mas Sanches se mostrou resistente em falar com o médico de bordo. Certamente o oficial mandaria fazer a aplicação de um antibiótico, no entanto, eu como militar e profissional da área da saúde não poderia tomar à frente de modo precipitado sem autorização de meu chefe, apesar do teste ter dado negativo: Sanches não e

- Mas eu preciso de uma receita. Era uma vida que estava em questão! Orientei o tratamento bem direitinho. E pedi o retorno. Deu certo! Mas ele queria furar,E não mais apresentando os sintomas. Ficou bom.

Moysés Severo
Enviado por Moysés Severo em 22/06/2021
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