crônica de uma mente em caos

Esse ano não avisei do meu aniversário previamente como sempre faço brincando. Completo mais um ano vivendo, mas dessa vez não quero que perguntem a minha idade, pois pela primeira vez tenho me incomodado de fato com meus anos de vida. Uma espécie de constrangimento não pela idade em si, mas sim por onde (não) estou, com ela.

Andei perdendo o ânimo de escrever pro jornal.

Eu não devia deixar que o interesse de uma única pessoa fosse determinante nas coisas que gosto ou desgosto, mas cheguei à conclusão que não é só isso. Que alívio. A verdade é que cansei de escrever somente artigos de opinião. Queria uma coluna onde eu pudesse escrever minhas crônicas, destilar minhas poesias e que as pessoas achassem bom, como os artigos. É fácil perceber que todas as vezes em que eu fui mais minuciosa em conflitos humanos particulares num texto, eles não foram aceitos.

Também cansei de escrever sobre relacionamentos.

E talvez de falar sobre esse tipo de amor. Passei da idade dessas análises bobas. Quem eu tô querendo enganar? Eu nem mesmo me mantenho em um por muito tempo.

Tenho chorado muito e à toa (é auto crueldade considerar meus sentimentos assim?) e sem ser TPM. Uma lástima, pois com ela eu sabia lidar. Também nem é por causa da pandemia, o que me impede de usar essa desculpa. Às vezes eu canso de continuar vivendo minhas frustrações e penso que já está bom de vida pra mim, depois me culpo e me diminuo ao comparar os problemas de quem teve que morrer mesmo ou se despedir de alguém que ama. Até para esse tipo de desânimo me acho velha. Eu sei, eu poderia não ter dito essa parte porque falar sobre esses sentimentos, pesa. E as pessoas não gostam de ler. E virão me dizer que eu não deveria pensar assim.

E não deveria mesmo.

Eu cansei de sonhar e de repetir as mesmas orações por tantos anos. Algumas coisas me machucam não porque eu as desejava, mas porque estive sempre esperando por outros.

Não terei filhos.

#TextoDeQuinta

pós aniversário