FLORES E SONHO DE AMOR


Evaldo da Veiga

Da janela vigiava o meu pequeno jardim e as flores 
que plantei, todas em homenagem ao amor que iria chegar.

Meu jardim foi uma concessão de pequeno espaço,
eu ainda menino, era o que podia pleitear.

Na época dois sonhos animavam-me: ser o cobrador do bonde,
trabalhando com muitas cédulas de cruzeiro entre os dedos
e juntar o dinheiro para comprar um jardim bem maior.

Não me passava pela cabeça que aquele dinheiro que eu cobraria,
em sendo o cobrador do bonde, não seria meu, e sim do patrão.
Ainda bem que a desilusão não veio tão cedo.

Mas a delícia de ofertar flores à minha namorada,
era o que mais me animava, estava impregnado pela fantasia
de ter um belo jardim, era o desejo maior.

Mas se minha namorada surgisse logo, mesmo eu ainda tendo
somente um minúsculo jardim? 

Ah... eu andaria muitos quilômetros
e pegaria flores numa praça pública de uma cidade que vi
e que tinha flores até nas ruas. Não lembrava o nome da cidade,
eu era muito pequeno, mas bastava perguntar ao meu pai,
por certo ele não havia esquecido.

- Toma pra você. Você é bonita igual a essa flor!

Decorei essa frase com muito carinho e sempre repetia
com receio de esquecer. Se esquecesse da frase quando encontrasse
à minha namorada o que eu diria?
Talvez ficasse quieto, bem calado, e por certo chorava.


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