Na fila da vacina

 
Cheguei no horário divulgado pelas mídias de comunicação social ao Parque Municipal “Ivan Oreste Bonato”, aqui em Joaçaba, e me posicionei por última na fila que já estava quilométrica. Pensei que fosse a última, mas em poucos minutos serpenteamos o local em que acontecia o tão esperado momento da segunda dose da preciosa vacina.

O clima estava agradável, um delicioso sol amenizando nossos dias frios da estação invernal desta região. Enquanto isso, o povo foi chegando e a fila aumentando cada vez mais, e eu já estava me sentindo privilegiada por estar um pouco mais na frente do que os últimos. E as horas foram passando... Percebi que a espera seria mais prolongada que o planejado.

Então, como os outros que estavam na mesma situação do enfrentamento da fila, fui cancelando outros compromissos, por telefone, pois senti que veríamos o sol se pôr...

No entanto, nessas ocasiões em que estamos todos num mesmo barco e com a mesma meta, e também todos com mesma faixa etária e um pouco menos resistentes em virtude da idade, foi muito cansativo. Portanto, interessante compartilhar nas prosas e nas observações os comportamentos dos nossos semelhantes.

Na expectativa, todos estávamos aparamentados com as devidas “máscaras”, ouvíamos alguns comentários e alguns desabafos peculiares das pessoas. Eu, muito preocupada com uma senhora na minha frente, usando uma bengala e respirando com sofreguidão. Dizia para mim: “eu quero morrer”, “essa vida é muito injusta, para que estou aqui se não desejo mais viver?” “Quem sabe se do outro lado não seja bem melhor?” Calada, ouvi e ajustei uma cadeira para ela sentir-se mais confortável, e fui monitorando-a na fila.

Outro momento: Um senhor alto e aparentemente forte, logo se esvai e desaba pedindo apoio em virtude de um grave problema na coluna, não podia permanecer muito tempo de pé. Lá fomos nós, eu e uma agradável mulher que alegremente compartilhou o desamparo deste senhor, um pouco mais novo que nós, mas, doente e cansado. Juntas o auxiliamos.

E assim foi e, como passaram-se mais de três horas, acabamos trocando ideias e fazendo amizades, compartilhando vivências nas dores e nas necessidades de pessoas desconhecidas que se tornaram lindas e incríveis aos nossos olhares.

Ao finalizarmos a espera, relaxamos e começamos planejar nossa interminável espera. Alguém, cumprimentou o amigo e disse: “vou comemorar no bar do “Chico”, com uma cachacinha!”
Outro disse: “Já deixei uma geladinha me esperando!” E uma senhora muito distinta, preocupada, disse: aiaiai... “Será que posso tomar minha taça de vinho?”

Foi sensacional! Preciso registrar e compartilhar. Amanheci com muita dor em meu braço. Mas feliz por ter-me vacinado!








Texto: Miriam Carmignan
Imagem Google