Intrépidos carrinhos de rolimã! (BVIW)

Na rua que ficava em frente à casa que eu morava, quando adolescente, os sons estridentes dos carrinhos de rolimã faziam parte dos fins de tardes... Alguns vizinhos não gostavam de ver os meninos e raras meninas se aventurarem em descer a ladeira em seus velozes e, quase, incontroláveis carrinhos, devido ao barulho e também, porque não era seguro caminhar na rua, durante as descidas que eles faziam - na época não havia calçadas nem asfaltos.

Eles não usavam itens de segurança e a maioria estava descalço. Cada um tinha orgulho do seu ‘veículo’ que era construído com capricho e muitas idas e vindas ao ferro - velho da região em busca das rodinhas de rolimã. Numa dessas tardes fiquei surpresa e assustada quando vi minha irmã mais nova, a Nice, cabelos ao vento, ladeira abaixo em alta velocidade; os carrinhos desciam um após o outro e, às vezes, faltava espaço para manobras evasivas e as batidas aconteciam... E Nice, ainda com pouca prática entrou embaixo de um caminhão que estava estacionado, ela se abaixou na hora e, felizmente, não se machucou.

Ao escrever esta crônica pensei nessas brincadeiras que eram comuns e nas habilidades que as crianças desenvolviam, de forma natural, e nos obstáculos superados - madeira e rolamentos de aço teceram vidas...