A morte de um internauta

Anos atrás, se não me engano em 2000 escrevi um texto que circulou muito e que me trouxe elogios de quem o leu.

Esse texto infelizmente sumiu tanto no formato do Word quanto no formato de página que tinha feito, mas como é atualíssimo e devido a reflexões que fiz na semana passada resolvi reescrever não aquele texto que não me lembro mais tudo o que continha, mas fazer um outro com o mesmo tema e claro incluindo o que lembro dele.

A crônica dizia o que ocorreria com a morte de um internauta e para tanto eu refletia sobre meu próprio falecimento.

Na época a irmã que mais conviveu e trocou idéias comigo estava afastada por desentendimentos havidos entre seu (na época companheiro) e eu. Imaginei que ela estaria triste por não ter podido estar bem comigo naquele momento (hoje seria diferente pois estamos bem novamente).

Também lembrei de meu irmão que acharia ter perdido um grande amigo e apoio (isso na realidade ocorreria com ele também hoje).

Minha irmã mais velha (que foi qse uma segunda mãe para todos nós decasa) estaria desculpando a si mesma a falta de maior relacionamento pelas preocupações do dia a dia que tem com os filhos mesmo adultos, netos, marido, seu apartamento, sua chácara, seu apto de praia, etc.

A minha irmã mais nova iria dizer: - logo ele que gostava tanto de viver mesmo virtualmente...

A mãe de meus filhos não saberia se vestiria luto ou não e estaria triste pela perda do amigo e pai de seus filhos, minha segunda esposa estaria se desentendendo com a mãe que a aconselharia a não ir ao enterro enquanto ela gostaria de prestar essa homenagem pois mesmo afastada sempre me quis bem.

Meu filho Pietro receberia a mensagem por telefone mas nem mesmo poderia comparecer pois estando no sul do Chile não conseguiria chegar a tempo e mesmo triste perceberia que de nada valeria o esforço.

Mais difícil ainda seria para minha filha Tilianna que está na Mongólia, ela e o marido tristes é claro, apenas poderiam fazer por mim uma oração.

A Rayana que está com noivo fazendo um curso em BH talvez resolvesse vir até aqui para junto com a irmã Camila prestar suas últimas homenagens.

O que acho até bobagem assim como o vestir luto, não quero ninguém de preto por mim apesar de adorar vestir roupas pretas. Quero as pessoas vestindo cores caras e alegres, quero que seja um dia ensolarado como os que tanto gosto.

Espero que possa mesmo em meus últimos instantes gerar calor, carinho e vida para as pessoas a quem amo e que me amam.

Quero ser lembrado pelas palavras boas que pronunciei, pelos bons textos que escrevi e pelo carinho que sempre dediquei a quem esteve próximo de mim de alguma forma.

Mas preciso falar o que ocorreria aqui no espaço da net afinal estou sempre aqui e o título faz referência à morte de um internauta.

Então vejamos, poucos que convivem comigo pela net moram na cidade ou região, estes possivelmente teriam a informação pois sendo um publicitário conhecido aqui talvez a notícia fosse passada pelos noticiários das rádios e Tvs locais e mesmo não estando fisicamente presentes sabendo o que ocorreu teriam um sentimento qualquer de tristeza pela ausência do amigo.

Mas e aqueles que moram longe?

Não mais me veriam no MSN, no Yahoo, no Skype, não teriam respostas aos scraps enviados pelo orkut e gazzag e não entenderiam.

Uns achariam que casei ou arrumei uma namorada ciumenta que me fez abandonar a net de vez. Poucos mais chegados e que tem meu telefone acabariam ligando um dia e sabendo do fato e somente aí, me perdoando a ausência.

Outros estariam me xingando dizendo que eu também fui igual a tantos que aparecem e somem de acordo com sua conveniência.

E lá no velório como seriam os papos?

Algumas amigas daqui que sempre ressentiram minha ausência nos barzinhos da cidade estariam falando: coitado, passou horas e horas da vida diante do computador e agora, vê se tem alguma amiguinha virtual aqui...

Outras e outros que detestam fazer exercícios diários estariam dizendo: de que adiantou ficar pedalando mais de uma hora por dia, malhando na academia, ta aí pálido igual todo mundo...

Mas o que mais desejo é que alguém se lembre de minhas crônicas e textos e para quem tiver saudades eu digo que bastará ler um de meus antigos textos e estarei junto a eles com muito sentimento como sempre estive.

São José dos Campos 27/07/2005