O que era ontem, hoje não é mais

Aproveitando o feriado de aniversário de São Paulo, resolvi meio que por acaso, assistir alguns jogos de futebol da década de 90 pelo Youtube.

Quanta diferença! Digo isso em todos os níveis. Não por acaso, somos o país do 7x1.

Mas, o foco aqui não é nostalgia, muito menos, manifestar minha vontade de construir uma máquina do tempo e viajar para os anos 90.

O que mais me deixou impressionado foi a mudança de hábitos por parte da população feita em tão pouco tempo. Como isso foi acontecer?

Antigamente, em dia de clássico, a cidade parava, pois, não se falava de outra coisa, não pensava em outra coisa, a não ser no jogo.

Isso antes, durante e depois do jogo,fora a semana que estava por vir.

Coitado do torcedor do time perdedor. A semana seria difícil.

Era mais fácil você encontrar uma barra de ouro no meio da rua, do que uma alva viva no horário do jogo, não importando o time que você torcia. Até quem queria secar um dos times ou as duas equipes, não perdia a oportunidade.

Hoje em dia, é difícil saber quando foi o jogo, exceto pelos fogos e algumas pessoas gritando,mas nada que empolgue.

Quando estudava à noite, a coisa mais comum, era o pessoal ir embora para poder assistir o jogo de seu time. Os que ficavam,usavam o radinho e fone de ouvido para poder acompanhar a partida.

Agora, ninguém tá nem aí pra jogo de futebol, exceto a galera mais velha ou que cresceu nesse atmosfera de torcedor de futebol raiz.

Quanto a geração mais nova, os gostos, as preferências e motivações são absolutamente diferentes. Vide os que vestem a camisa de times europeus e os que não torcem pra time nenhum ou não curtem futebol como esporte.

Queria ver um país parar?

Não era preciso fazer greve, pois, bastava ter jogo da seleção, que o Brasil parava, independente de dia e horário.

Hoje em dia, difícil é você saber de cabeça, a escalação e o nome do treinador da seleção brasileira.

Jogo da seleção, tornou-se algo corriqueiro, fútil, irrelevante.

Nem a Copa do Mundo empolga mais como antes.

Escândalos de corrupção, descaso para com o torcedor, dirigentes amadores e incompetentes, monopólio das televisões, supervalorização dos jogadores, surgimento de novas tecnologias, são sem sombra de dúvidas, fatores que contribuíram para o desapego e até repulsa ao futebol.

Porém, ao meu ver, um fator primordial que contribuiu para tal mudança, foi a transferência de amor,porque muitos foram para as redes sociais e acabaram descobrindo na política, uma nova paixão.

E o resultado não poderia ser diferente: idolatria a políticos, a ideologias e torcida para partidos, substituindo o time de futebol, mas não o seu fanatismo. Muita coisa mudou, realmente!

Gostaria de poder estar falando sobre os campeonatos interclasses, na época da escola, mas como já me estendi, fica para uma próxima crônica, isso se eu me lembrar.

De resto,vamos guardar as boas recordações e seguir em frente.

(2021)