Voltou e não voltou

Parte I

Nesses tempos, fiquei sabendo que as bibliotecas, centros culturais e esportivos reabriram. Ótima novidade para quem está cansado dessa quarentena.

Empolgado,fui para a biblioteca mais próxima de casa. Ao chegar no local,

fui informado pela placa que o funcionamento será das 9 às 15 h e como cheguei adiantado demais, tive que ficar uns quinze minutos esperando.

Abrindo o portão, os guardas já informaram que o atendimento seria de uma pessoa por vez, sendo obrigatório o uso de máscara, além de medir a temperatura. Feito isso, me dirigi a recepção, que está protegida por uma tela de vidro, para saber como seria os demais procedimentos.

A atendente me avisou que os espaços da biblioteca não estarão disponíveis por enquanto e somente poderemos devolver e pegar livros sem ter acesso ao acervo, mas se quisesse ficar ali sentado no banco da pracinha, respeitando o distanciamento poderia ficar à vontade.

Baita balde d'água fria!

Mas fazer o quê? O jeito é esperar as coisas melhorarem para que aos poucos voltemos a rotina de antes.

Parte II

Quarta-feira dessa semana, levantei cedo e fui ao Fábrica de Cultura devolver o livro que estava comigo e saber como seria a volta do funcionamento do lugar. Estava um sol de lascar, o que dificultou a caminhada.

Chegando no local, o portão estava fechado, mas o monitor abriu e perguntou de que curso eu era. Informei o curso, mas avisei que iria a biblioteca devolver o livro.

Após passar pelo termômetro, fui direcionado ao local em que estava o pessoal responsável pelos livros.

Chegando ali, percebi a cara de surpresa deles, pois se tinha uma pessoa que não estavam esperando aparecer, ainda mais naquele horário, pode acreditar que esse cara era eu.

Fiz todo o procedimento de devolução que mais parecia um ritual religioso do que qualquer outra coisa.

Perguntaram se iria querer pegar algum livro e respondi que não.

Após isso, mostraram o caminho por qual deveria sair.

Conhecendo muito bem o espaço daquele lugar como a palma da minha mão, nos mínimos detalhes e ciente do intervalo entre um e outro monitor,aproveitei a brecha e entrei na recepção e fui até a biblioteca procurando ver como estavam as coisas.

Para minha surpresa, não havia nada demais,somente as coisas do mesmo jeito que estavam, exatamente como da última vez que estava ali, isso há uns 7 meses atrás.

Logo veio um monitor avisando que não poderia estar ali e sem discutir disse que tudo bem.

E enquanto a volta do Fábrica de Cultura, por enquanto é isso: somente aberto para quem está fazendo curso ou quer pegar e/ou devolver livros e como o pessoal do meu curso por medo e desconfiança, optou por continuar às aulas online, vai demorar um pouquinho mais até voltarmos ali.

Mesmo assim, após tantos meses longe, valeu à pena pisar lá dentro de novo, ainda que por poucos minutos.

Espero que essa vacinação comece o quanto antes e que esse pandemia passe logo e se Deus permitir voltemos ao que era antes.

Na volta para casa, passei em frente ao clube escola que também é pertinho de casa.

Em seu protão, tinha uma placa de aviso informando que seu horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 6 às 12 h.

Na prática é isto: as coisas voltaram, mas ao mesmo tempo não voltaram e assim vamos continuar vivendo esse paradoxo até quando Deus assim quiser.

(2020)