Talvez não seja uma sensação ímpar, paz espiritual deixar o celular de lado e permitir-se ouvir somente a musicalidade da chuva. Um sorriso é inevitável. O relógio marcava quase sete da noite, as luminárias ao longo da rua e a nobre chuvinha decidiam a aquarela da noite. Para um bom observador a simplicidade daquela ocasião brindava um dia turbulento. Ouvir a noite chuvosa fez repousar o corpo exausto e a mente corriqueira.

Eu vigiava cada detalhe da janela de casa, o asfalto molhado, algumas pessoas andando depressa na tentativa de esquivarem da chuva ou até caminhando lentamente sem se importarem em molhar-se. E eu na janela na companhia da minha pequena felina Lucíola olhávamos atenta aos movimentos. Esses instantes de relaxamento e contemplação são terapêuticos, naturalidades assim passam despercebidas, vivemos sempre correndo, olhamos para tudo sem enxergar nada.

Quanto descanso para um breve instante, porém meu celular que esqueci em algum canto da casa começou a chamar, o toque era uma simples canção de um cantor preferido, a música que estava tocando era "Le grand sommeil" de Etienne Daho, um toque personalizado da minha mãe. Ao invés de atender rapidamente pensei, "música francesa, amo!", cantarolei alguns versos, desempoerei meu francês (risos) Depois atendi a chamada, minha mãe havia ligado para me desejar bom descanso e dar beijinhos de boa noite. Finalizei a chamada e agradeci por mais esse dia que havia se encerrado. E cantando os trechinhos de "Le grand sommeil" lembrei de um termo bonito, gratidão, o que costumeiramente os franceses chamam de reconhecimento, "Reconnaissance"
Claíse Albuquerque
Enviado por Claíse Albuquerque em 13/08/2021
Reeditado em 13/08/2021
Código do texto: T7319753
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