QUE OS RESPONSÁVEIS APODREÇAM NAS RUAS - A REVOLTA

Todo mundo sabe e até as paredes, confesso, que numa crônica jornalística o autor escreve suas ideias sobre o que lhe vem a cabeça e assina. Se for literária pode ser um pequeno conto cuja trama é indeterminada.Sempre, entretanto, escreverá sobre acontecimentos cotidianos.

Pois encontrei com um amigo - que ao contrário do que diz um dos nossos grande poeta popular - não é pra se guardar do lado esquerdo do peito, mas ao nosso lado, em 3 dimensões. Amigo é aquele que sempre tem razão; se não, não é amigo. Cretino é aquele que diz:"amigos amigos, negócios aparte".

Nos encontramos na mesma livraria de sempre.Compramos livros e fomos ao café. Pedimos dois "cappuccini", como sempre fazemos para iniciar uma boa conversa.Mas ele não conversou.Sua fisionomia estava entre a de um ser indignado,culpado e como a da fúria de um leão faminto.Uma cara que ainda não tinha viste nele; era assim que demonstrava.

Iniciei uma conversa com o cuidado de quem está sentado na beirada oeste da terra plana.Foi assim:

- Que cara é essa! perguntei.

- Estou indignado, sentindo a culpa dos tolos e furioso como um leão faminto!

- Foi o que pensei, respondi depois de um gole de cappuccino e perguntei: mas o que foi que aconteceu com o Rei Leão?

- Não brinca! - ele disse num quase rugido.

- Não brinco! - eu respondi...

- Amigo, disse ele, nós somos seres analógicos nascidos no início da Segunda Guerra Mundial.

- Mundial, mas que não atingiu nem metade do mundo...

- Não brinca!

- Tá, não brinco.

- Estamos já a algumas décadas num mundo digital cercado de patifes, canalhas, todos ocultos em criptogramas. Esses indivíduos sempre existiram, sem duvida em todas as sociedades humanas. Desde pequenos agrupamentos até impérios colossais com leis que decepavam a mão do ladrão, apedrejavam mulheres adúlteras, escravizavam prisioneiros.

Continuamos assim. Os métodos,porém, é que são outros.Mesmo assim resolvi comprar pela internete...

- Comprar o que? perguntei curioso.

- Não vou dizer.

- Tá!

- O "site" pareceu-me confiável e com boa avaliação, de quem fez compras por ele,etc. Comprei, paguei por boleto numa transferência bancária. Não recebi o produto. Depois de, por e-mails,tratando do que já parecia ser um problema e de ter enviado todos os documentos da compra, recebo a seguinte informação:

"- Estou entrando em contato para informar que sua compra NÃO foi realizada conosco.Sua compra foi realizada com a empresa... (veja aqui o nome...).

- Hum,uhum...!

- Veja amigo, essas são cópias dos e-mails que recebi deixando claro que eu é que errei o comprador. E ainda errei o preenchimento do boleto. Ocorre que QUEM COMPRA NÃO EMITE RECIBO,NOTA FISCAL,BOLETO,etc. QUEM COMPRA NÃO EMITE O BOLETO! Certo amigo?

- Mas é lógico, até em Brasília sabem disso.

- Não brinca!

- Tá,tá,tá... desculpa, foi ato falho.

- Respondi com esse e-mail. Veja:

" A compra que fiz e paguei, conforme já comprovei em outros e-mails, foi sim, no site Izilife. O modo de pagamento foi "boleto". A emissão do "boleto" foi feita pelo site Izilife com os dados do recebedor, tais como: nome do banco recebedor, da agência da conta do recebedor, número da conta do recebedor,etc.

Portanto, solicito que o site Izilife providencie a imediata e pronta solução deste problema da maneira mais conveniente, considerando que o produto foi COMPRADO NO SITE IZILIFE."

- Caramba! E agora amigo? Vai recorrer ao Procon, entrar com um processo na Justiça?

- Não,o custo e o tempo da burocracia do "establishment" brasilino me causarão mais mal intelectual do que os safadinhos ardilosos malandrinhos ladrões. Dedico a todos o meu mais sincero, elegante e honorável desprezo. Quero que suas "empresinhas" vão a falência ética e moral e depois econômica e financeiramente.E que seus responsáveis apodreçam nas ruas sendo comidos por vermes.Esta praga não se desfaz com reza, nem bebendo litros de água benta pois não há deuses que se atrevam a suspende-la. A Caipora garante!Que assim seja.

- Meu velho e querido amigo, que assim seja. Precisamos avisar aos incautos honestos e aos idosos que são dezenas de milhares. Não alcançaremos todos. Porem, poderemos salvar UM que seja, apenas um.

Nossos cappuccinos (Ops: cappuccini - plural) já esfriaram e estão intragáveis. Vamos pedir outros?

- Vamos!

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 21/08/2021
Reeditado em 27/09/2021
Código do texto: T7325558
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