FESTA DE IGREJA E O PAU DE SEBO

O próximo dia 08 (quarta-feira) é um dia muito especial para duas cidades paranaense, Curitiba, a capital do Estado, e Clevelândia, minha terra natal. Nas duas é feriado religioso, comemora-se o dia da Padroeira Nossa Senhora da Luz.

Como é de praxe em minha cidade, sempre tem uma bonita festa no salão paroquial. Tudo inicia-se com uma missa presidida pelo Bispo, e ao seu final, já se percebe o cheiro apetitoso do churrasco que está sendo preparado, dos assados e dos bolos, realmente é muito agradável. Mas, confesso, tenho saudades das festas de quando ainda criança, quando haviam muitas diversões. O “jogo da casa do coelho”, que uma vez ele solto em um cercado,a casa em que escolhia para se esconder era a ganhadora dos prêmios. Havia também o que chamávamos do “aviãozinho do seu Áureo”. Um senhor muito bom e criativo que acabou fazendo um pequeno avião com motor o qual ficava seguro a um cabo de ferro, ele girava em volta de uma grande mesa a qual era toda numerada, e após desligado o motor, o número em que ele que viesse a parar correspondia ao ganhador. E havia também a conhecida “pescaria”.

Havia também a presença marcante de determinadas pessoas que, sem elas, a festa não era a mesma. Eram figuras humildes, folclóricas da cidade, queridas de toda a comunidade. O inesquecível “Manequinho”, um senhor negro de pequena estatura. O “Campolim” com seu terno branco de casimira. Ambos sempre engravatados. A dona “Maria, mãe do Toninho pescador”, assim ela era chamada, também marcava presença, sempre com muita base no rosto, batom vermelho e grandes brincos de argola, sempre acompanhada de seus inseparáveis seguranças, seus três cachorros. A boa música ficava ao encargo da conhecida “Bandinha da Prefeitura".

A maior diversão era o pau de sebo, um tronco de árvore fincado no chão. Nesse tronco era passado sebo de boi. Lá no alto, do topo do pau de sebo, era colocado brinde de valor e também uma nota de dinheiro. Era muito difícil subir, mas sempre tinha alguém que conseguia. Lembro certa vez quando do tronco se aproximou um índio Kaingang - em minha região tem índios Kaingang - levantou a cabeça e olhou bem para o tronco. As pessoas que se estavam ali, próximas, torciam por ele e diziam: “Vai conseguir, está acostumado a subir em pinheiro araucária para tirar as pinhas”. Não demorou e o índio agarrou-se ao tronco e logo estava lá em cima, todos os presentes o aplaudiam, no entanto, quando já se preparava para pegar os brindes, todos ali escutaram um som típico de rasgo de roupa, a calça do índio rasgou entre as pernas de cima a baixo. O pudor tomou conta do índio e ele desceu como um foguete, ficou envergonhado. Creio que hoje, atualmente, o índio não daria bola para o rasgo da roupa, no entanto, na época, a vergonha lhe tomou conta.

No dia seguinte ao da festa, logo cedo, perceberam que os brindes não estavam mais no alto do tronco, foram verificar e estava com grandes marcas. As pegadas eram de esporas de subir em poste. Concluíram que um malandro madrugou para levar aos prêmios. Hoje são outros tempos, mas inegável é que aqueles nos trazem boas lembranças.

“Finalizo desejando que a nossa padroeira Nossa Senhora da Luz, ilumine e abençoe a todos das brumas e tempestades da vida.”