BUROCRATIA TANTUM

Instituto de Letras (Escondidas), Artes ( mas que Artes?) e Comunicação (com o Satanás). O mundo está em evolução. Na Europa se faz assim! Na Cochinchina ninguém diz isso! Em Paris já caiu da moda.

Ai Deus, ai flores, quantos dissabores! Longe vai o velho tempo da Já Era Faculdade de Filosofia. Nem queiram saber, a faculdade está passando por uma série de reformulações, de mudanças, enfim é uma mutação para nova conotação, novo condicionamento e não menos novo comportamento. Quem te viu, quem te vê. Ah! terrível abalo nas esferas das letras.

O homem vai à luta e nós precisamos também alunisar, isto é, simbolicamente falando e escrevendo. E, viva o simbolista que tem licença para dizer tudo. É o agente secreto 00-ABCD com permissão para falar. Vê só que sutilidade! Temos de preparar a nossa Estação Espacial e como, de que maneira e modo será bela, cheia de floreios, hipérboles, regras gramaticais, sintaxe e sons especiais da fonética ecoando pelas estrelas. Então, será dada razão a Olavo Bilac! Mattoso Câmara, o homem dos tês, será o comandante da nave no primeiro vôo ao espaço prefixal. Outros dois o acompanharão nesta estilística missão.

Mas, afinal, meus queridos lunáticos deste hospício disfarçado, vamos tomar conhecimento das modificações que farão da Universidade de Sergipe, uma entre as dez mais, mais o Quê?

1. A ex-faculdade de Filosofia (aprenda a nova denominação!) está desmembrada (sem membros, desarticulada) ou melhor, dividida em ramos (é um arvoredo podado).

2. Os professores deverão ter suas pastas-quadradas como seus pensamentos e, dentro delas todo o material necessário, inclusive formulários de pedidos, cupons, endereços, folhetos, etc, para a nobre missão de representante de livros.

3. Cada macaco no seu respectivo galho. Seu Nélson e D. Maura não desfrutarão mais da regalia de criar camaleões no jardim da casa, a fim de que esta não tome os ares de um vulgar quintal ou zoológico. Por falar nisso, é bom observar que agora, como nos campos minados, os canteiros estão aramados.

4. Para maior estudo e pesquisa científica nas traças do arquivo onde está registrado o Q.I. (quociente de insalubridade) dos universitários, estes não devem perambular pela secretaria. Para melhores resultados já se mandou confeccionar um cartaz com os dizeres: “Se nada tens a fazer não o faças aqui”.

5. Haverá um ciclo de palestras com os seguintes temas:

a) De como andar no nosso novo prédio sem se perder;

b) Cuidados especiais com os novos bebedouros;

c) Não pise na grama. Ela fará bem aos burros do porvir;

d) Leitura Dinâmica para aprender a ler os livros da Biblioteca sem pagar cinco cruzeiros de multa por dia de atraso.

Ficam estabelecidos os seguintes preceitos:

a) Os professores de Língua Francesa, de vez em quando, terão de pronunciar “allors” e “parce que” para serem mais convincentes;

b) Aos de Língua Inglesa caberá a incumbência de treinar os alunos em “good mornings” com cheiro de dia amanhecendo e articular foneticamente “A time for us” como o fez o magnífico John Mathis.

Aracaju, 1969 ou 1970