Lembranças da Filó

Domingo é a cara da saudade ne?

A nostagia bate na porta e hoje lembrei de uma pessoa especial que conheci. Hoje ela passou o dia comigo em lembrança. Ela é ancestral, é luz, é força, encantada, é memória e faço questão de colocá-la na minha história de vida como alguém que marcou com sua dureza e também com seu amor.

Lembrei da Filó:

Ao acordar Dona Filomena fazia sua oração de agradecimento e seus pedidos para o dia que se iniciava, fazia o sinal da cruz para seus santos de proteção que ficavam num pequeno altar na sala. e após sua conexão espiritual, ela seguia para a cozinha, fazia o café para a familia e já ligava o radio na Fm 93 na hora exata do programa Especial Roberto Carlos.

O cheiro de café convidava todas as pessoas da casa para a cozinha que aos poucos iam se encostando no balcão que tinha dividindo sala e cozinha.

Dona Filomena adorava sua casa, suas plantas que cultivava na garagem em um jardim vertical.

Adorava mostrar a planta "lagrima de cristo" que cuidava com muito carinho. Os olhos brilhavam quando ela mostrava as fotos da familia e seus artesanatos.

Era um baú de surpresa, sempre tinha algo pra mostrar.

Dona Filomena gostava de música Ligava o radio, gostava de bregas, Zezo, Roberta Miranda, era comum ouvir Altemar Dutra. Dava maior valor fazer o almoço bebendo uma cervejinha em seu caneco de aluminio. Cantava, dançava. Reclamava da vida, mas jogava toda a sua raiva nas roupas sujas. Me parecia que limpar as roupas, a casa era uma forma que ela tinha de faxinar alguns problemas e anseios mentais. o trabalho que era exaustivo, a saúde que por vezes era de risco.

Como uma sábia mulher ela vivia um dia de cada vez e fazia o que queria sempre que possivel.

Ela era daquelas que mergulhava na nostagia e eu gostava disso, tinha curiosidade sobre ela, sobre sua vida.

Ela era um pouco trancada, aspecto durona, mas mostrava sua sensibilidade e grandeza entre intervalos e outros. Quando tocava uma musica marcante e quando ela decidia falar sobre ela...

Acredito que essa é a realidade de muitas mulheres, negras, mães que criou ou criam seus filhos sozinhas, trabalham a maioria das vezes os 3 expedientes para conseguir garantir um pouco de qualidade de vida.

Fico refletindo sobre as tantas Filomenas que ressignificam seus dias para não desistirem da vida.

Sou filha, neta, sobrinha, amiga, vizinha, por vezes também sou Filomena. E canto para mandar a tristeza embora!

É lane com E
Enviado por É lane com E em 12/09/2021
Reeditado em 13/09/2021
Código do texto: T7340924
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