JeGuE, O ESTÚPIDO ATOR

Começou no teatro, mas infelizmente transferiram-no do palco para a bilheteria em pouco tempo.

Foi admitido em um circo popular, a fim de ser palhaço porque se achava engraçado. Começaram a querer se livrar dele delicadamente, colocando-o para tomar conta do leão enquanto o domador se recuperava dos ferimentos em longa internação hospitalar. Preferiu dar uma de Houdini e fugiu do circo, ainda pela madrugada.

Fez teste para participar do Big Brother. Foi recusado por flagrantemente querer imitar o Jean Wyllys “revoltado e cuspindo” (quando gravou o vídeo de inscrição como candidato).

Tentou a vida dentro de um ônibus, disfarçado de adolescente e dizendo aquela famosa fala: “eu podia estar roubando, matando ou me prostituindo”. O motorista parou o ônibus em frente a uma delegacia... e um ‘B.O.’ foi inevitável.

Tentou fundar uma igrejinha de curas milagrosas, dessas que surgem diariamente em alguma esquina. Quase foi linchado na primeira reunião com um modesto público, pois, na hora de proclamar a cura celestial, foi acometido pela antiga tosse de fumante que havia se transformado numa bronquite de surto infernal.

Tentou um trabalho em frente a uma pequena loja de eletrodomésticos, movimentando-se na porta, imitando aquele antigo garoto-propaganda das Casas Bahia, enquanto apontava para as pessoas e perguntava: “quer pagar quanto”(?). — Levou uma pedrada na testa, disparada por um transeunte nervoso.

Voltou para a região mais ao interior do estado, tentando em praça pública a vida de “homem da maleta da garrafada e com uma cobra” vendendo garrafada milagrosa. Foi mordido pela cobra e quase morria porque não foi orientado pelo antecessor sobre primeiramente escolher uma cobra velha e desdentada.

Começou a tentar uma carreira mais “realista”, posicionando-se como transeunte ou vizinho de algum local onde tivesse ocorrido uma tragédia. A ideia era ser entrevistado por alguma equipe de reportagem da TV Globo ou do programa do Datena, como se fosse uma pessoa revoltada com o prefeito, com o governador ou com o presidente da República a quem responsabilizasse pelo ocorrido. Todas as equipes de reportagem gostaram, apesar de terem percebido o truque. Mas nenhuma equipe aceitou pagar sequer R$1,00 para o fracassado ator.

Mais uma vez foi acometido pela tosse infernal no momento em que estreava como “Papai-Noel-de-Shopping”, afugentando as crianças quando em voz alta tentava a fala do bom velhinho: “ho-ho-ho” (pois dessa vez os espasmos da tosse vieram acompanhados de horrorosa convulsão). Teve que sair correndo e até abandonou o saco de presentes, perseguido pelos pais das crianças assustadas.

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Bem! As últimas notícias sobre esse referido quase-ator são de que ele finalmente vai tentar a política. Quem prometeu a ele (essa chance) foi uma pessoa que providenciou um “jeitinho” de ele sentar como testemunha de acusação na tal “CPI da Pandemia”, quando então os senadores-cientistas irão precisar que ele seja muito convincente como vítima do “charlatanismo” do governante maior da Nação.

Finalmente, talvez, ele deixe de ser apontado como um jegue, um estúpido ator. Ao menos podemos dizer que ele estará entre os seus pares.