Talento x Esforço

Sempre dividi as pessoas boas naquilo que fazem em talentosas ou esforçadas.

Os talentosos aprendem com pouco. Tudo lhes parece fácil e, por muitas vezes, pouco desafiador.

Talvez seja por isso que os talentosos sejam, quase sempre, bons no que fazem, mas não os melhores.

Os esforçadas, sabendo da sua (natural) limitação, entregam-se de corpo e alma àquilo que lhes é ensinado e buscam, a todo custo, ser capazes de superar-se a cada dia.

Esses, geralmente, são os que mais se destacam.

Eu sempre fui o tipo de pessoa que confiou no talento.

Havia um esforço padrão para não decair do nível em que se é colocado, mas era extremamente irrelevante perto do árduo empenho dos alunos considerados “esforçados”.

Uma vez, uma professora da graduação disse-me algo que, até hoje, ecoa na minha lembrança:

“Se seu filho é bom em matemática e ruim em português, o que você faz? Coloca-o no reforço de português, claro! É errado! Coloque-o para ter aulas extras de matemática para que ele tenha a chance de se tornar o melhor nessa área!”

Vivemos numa sociedade de capacidades medianas.

Supre-se aquilo que falta e mantém-se o nível daquilo que é satisfatório.

Será que não é o momento de se valorizar, também, aquilo em que se é bom?

O mundo não precisa só de pessoas que saibam um pouco de tudo, mas, principalmente, de pessoas geniais que sejam experts naquilo para o qual nasceram e que possam, de alguma forma, usar esse talento em prol de toda uma sociedade.

Ainda que muitos pensem o contrário, intervir positivamente na sociedade deveria ser o propósito cognitivo e de vida de todas as pessoas.