Que ninguém ouça, mas sempre te amarei uai.

Que ninguém ouça, mas sempre te amarei uai.

Vez ou outra a vontade bate outra vez. Quando a gente se encontra em um lugar inesperado ou quando pego o celular de madrugada e percebo que não adiantou nada apagar seu nome da agenda, porque sei digitá-lo mesmo sem olhar pro teclado. E aí te abraço e percebo que ainda usa o mesmo perfume. Então vamos conversando e me lembro porque me encantei da primeira vez. Aquele olhar, aquela voz, nosso humor parecido. Relembramos as nossas histórias. Pergunto da sua família e me dou conto de quantas pessoas queridas eu tive que me afastar depois que terminamos. Nesse meio tempo a bebida faz efeito, isso tudo se mistura e a gente faz de conta que esqueceu. Esqueceu as brigas, as decepções e as mágoas. Esqueceu das inúmeras vezes que chegamos à conclusão que não dava mais para continuar. A gente esquece e se entrega, e o seu corpo é meu mais uma vez. O silicone é novo, mas os prazeres são antigos, e eu sei muito bem por onde começar. Nossos corpos se encaixam e por algumas horas a nossa chama volta a queimar. E aquece. E esquenta. E pega fogo. Uma mistura irresistível de mágoa, desejo e saudade. Depois dormimos entrelaçados como tantas outras vezes. Eu deslizando a mão pelo seu corpo que não me pertence mais. Você deitada no meu peito ouvindo um coração que não bate mais por ti. E logo a luz do Sol invade a janela anunciando a chegada da verdade. A realidade que aquela noite foi só um desafogo. E no fundo já aprendemos que aquilo não é um recomeço. E por isso engulo a frase na hora do último abraço e te vejo entrar na porta que antigamente eu tinha a chave. E pensar que um dia te imaginei saindo por aquela porta com suas malas para viver comigo. Não vai acontecer. É só mais uma chave das tantas que perdi. Volto para minha vida me perguntando se aquilo que fizemos foi certo, como se esse tipo de acontecimento pudesse ser planejado. Mas agora é melhor colocar a culpa na bebida e jurar que isso nunca mais vai se repetir. Talvez em breve um de nós encontre outro caminho e tudo isso fique no passado. Depois de tudo eu só consigo chegar a duas conclusões sobre nós dois: a de que a gente nunca vai dar certo; mas eu sempre te amarei.

Guaxupe 10.08.21

1000ton

Milton Furquim
Enviado por Milton Furquim em 20/09/2021
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