Em defesa de Bolsonaro.

Confesso que hoje, pela manhã, arrumei um tempo para assistir o discurso do coiso na ONU.

Sabia, como toda pessoa minimamente informada, o que iria acontecer.

Tentei prestar atenção para ver se ele ficaria vermelho em algum momento ao expelir alguma frase. Nada! Passou longe. Não tremeu os olhos, sinal claro de alguma mentira. Passei um longo tempo hoje lendo os principais jornais, os mais confiáveis: apenas críticas sinceras e bem abalizadas a respeito do conteúdo da sua falação. E todos falavam da vergonha, da humilhação que nós, brasileiros, estávamos passando diante do mundo inteiro.

Quero que me perdoem, mas saio em defesa do bozo.

Cada um dá o que tem. Essa máxima cabe em todas ou quase todas as situações. Quem tem sensibilidade, discernimento, senso de justiça, oferece paz, serenidade, compreensão. Muito óbvio. Quem sustenta rancor, inveja, desencanto pela vida oferece o que tem de mais sórdido em termos de sentimento.

Quem tem empatia sabe muito bem respeitar a dor alheia no caso das desilusões, das perdas de entes queridos, doenças, precariedade das condições de vida, desemprego, falta de escolas, exclusão, enfim. O empático respeita, compreende a dor dos seus semelhantes e tenta mudar a realidade, se engajar, buscar uma solução mais equilibrada, menos doentia, menos perversa.

Aquele que é egocêntrico, desequilibrado, narcisista, sociopata tem um prazer muito intenso na dor alheia. Debocha dos mortos e de todos aqueles que sobreviveram: órfãos, viúvas e viúvos, pais que enterraram seus filhos. O sociopata tem um prazer inacreditável sobre a desgraça alheia, vibra com isso, planeja mais e mais atitudes dessa natureza mesquinha e diabólica. E se acredita sempre com razão.

O sociopata não se importa em deixar queimar a maior floresta tropical do mundo, afinal, tem que dar lugar ao lucrativo agronegócio, o tal “agrobussiness” e ainda acredita ou finge acreditar que “agro é pop, agro é tech, agro é tudo”. Não se importa com o desequilíbrio do ecossistema (claro que ele não sabe o que significa isso), não se importa com a perda de milhares de espécies animais e vegetais, muito menos com as futuras gerações. Não sabe ou não quer saber se o desastre ambiental vai afetar profundamente o país inteiro – e uma grande parte do mundo- com as secas que serão irremediáveis a curto prazo ... ele não se importa mesmo, nem um pouco, com o futuro da humanidade.

Ele não se importa com nada absolutamente. Apenas com o poder que acredita que tem. E com os filhotes e suas mansões, games e que tais. E gosta de achincalhar todos aqueles e aquelas que ousam discordar de suas sandices.

Uma parcela muito grande da sociedade é cúmplice de toda a nossa desgraça.

Na ONU ele não poderia ser diferente. Temos o modelo mais jeca de fascista que jamais eu poderia imaginar. Sociopata é isso. Vibra com a dor alheia o tempo todo.

Acreditar em alguma demonstração de dignidade seria, no mínimo, uma vã esperança.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 21/09/2021
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