Vai que chega alguém…

Hoje a nostalgia encheu a minha alma. Saudade de quando era criança, na casa dos meus avós. Vovó colocando mais comida na panela e o

meu avô perguntando: -Ester, para que tanta comida? As panelas estão cheias de macaxeira, cuscuz, bolo de puba… daqui a pouco já é hora de fazer o almoço. E minha avó respondia:- vai que chega mais alguém pro café! É bom sempre ter algo pra oferecer. Vovô Elias sorria e saía.

Foi com eles que aprendi a praticar a hospitalidade. Sempre havia espaço ali para alguém cansado. Um copo de água, um café reforçado, um convite para o almoço entre prosas e risadas.

Não lembro de ver dinheiro farto, mas a mesa, era uma riqueza só, quase tudo tirado da roça. Ovos caipira de gemas amarelinhas que nem ouro eram estalados e servidos sobre um cará roxo ou feito farofa, o café da manhã era chamado de “quebra jejum”, talvez hoje se chamaria brunch. Nem café simples, nem almoço, mas o suficiente para ficar satisfeito até a hora do almoço.

Esse costume minha mãe agregou em nossa casa. Sempre havia um prato a mais para alguém que chegasse de surpresa. Minha mãe até hoje faz um cuscuz com leite de coco e convida filhos, netos e amigos dos netos para saborear. Nunca comi um cuscuz tão gostoso.

Mas… o que me trouxe essas memórias afetivas foi que senti vontade de fazer uns bolos, mesmo estando em casa só eu e Pedro, meu marido. Fiz um de laranja e outro de milho com côco. Cozinhei pupunha, fiz suco de morango para um batalhão tomar, um café mineiro delicioso.

Nossos filhos que moram no RJ estavam viajando…

Mas, como aprendi com minha avó Ester: “ Vai que chega mais alguém pro café?”

Bem, ninguém chegou mas no outro dia levei boa parte dos bolos para os colegas do parque.

E foi uma festa só!