Balcão

Entro sozinho no bar. Daqueles agitados. Que ficam no centro financeiro paulista.

Sento no balcão. Perto do responsável por manipular as bebidas.

Um bom observatório.

Me posiciono próximo de duas amigas.

Com trajes que ilustram o perfil daquelas que trabalham na Faria Lima.

Seguro minha taça e apenas observo, enquanto elas discutem sobre o dia.

Aproveito o silêncio delas para pedir uma bebida que não está no cardápio.

Vesper. Com uma casca de laranja.

Algo distinto. Que chame a atenção de quem cerca.

Uma delas escuta. E observa curiosa enquanto a bebida é servida na taça triangular.

O interesse é uma sutileza peculiar.

“O que é?”

Durante a conversa, deu tempo de bebermos alguns outros Vesper’s.

Isso enquanto eu mapeava as convergências. E analisava o sorriso de uma delas.

O interesse é uma sutileza peculiar.

Acabei conhecendo o apartamento da Dani.

Uma vista abrangente para a Vila Olímpia.

Pude perceber enquanto colocava meu tênis.

Ela permanecia no sofá. Com as maçãs do rosto avermelhadas.

Sem jeito, ela sorri. E comenta que eu tenho um toque diferente.

O som do elogio apenas bate no corpo.

Retribuo o sorriso.

Diante do silêncio, ela insiste.

“A gente se vê de novo?”.

Respondo com um “Quem sabe”.

Ela não entendeu o sarcasmo.

Faltou tempo para explicar.

O elevador já estava no andar.