Manchetes enlouquecidas

Não é de hoje que a imprensa (hoje chamam mais de mídia) faz uso de apelações para vender jornal ou obter audiência.
Há 50 anos atrás os jornais de papel, apesar do rádio e da televisão, ainda exerciam bastante influência. Claro, não existia internet.
Por volta de 1970 nós já não comprávamos jornal todo dia, isso já começava a ser um hábito oneroso para o orçamento. Além disso essas publicações já estavam em franca decadência intelectual e moral. Eu porém gostava de olhar as manchetes dos exemplares pendurados no lado de fora das bancas.
E um dia, olhando para um desses jornais de crime, dos quais se dizia que apertando saía sangue, levei um susto. A manchete em letras garrafais anunciava:

MORREU FITTIPALDI

Achei logo que Emerson Fittipaldi, então grande astro brasileiro das corridas automobilísticas, havia sofrido desastre fatal numa competição, como infelizmente ocorreu anos depois com Ayrton Senna. Então fui olhar a sub-manchete, as letras menores.
Tratava-se de algum bandido de morro, aliás pouco conhecido, morto em confronto com a polícia ou outros bandidos, já não lembro. Será que essa notícia era tão importante assim? E será que o jornal achava que todo mundo sabia quem era esse Fittipaldi? Será enfim que algumas pessoas compraram o jornal pensando se tratar do automobilista?
Vamos a outro caso na mesma época, com a agravante de que se passou com o supostamente sério "O Globo". A manchete bombástica assim dizia:
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CAIU A PIRÂMIDE

Fiquei estarrecido. Que pirâmide? A de Queops? Mas desde quando pirâmides caem? Pela própria forma elas não podem cair. Fui olhar e então descobri que era a notícia da inesperada morte do ditador do Egito, Gamal Abdel Nasser, ocorrida em 28 de setembro de 1970.
A propósito, a civilização atual do Egito praticamente não tem nada a ver com aquela que construiu as pirâmides.
Pois é. Como tem sandice na mídia, minha gente.