EU SÓ QUERIA DIZER “PARABÉNS, PROFESSOR(A)!”

A conjuntura, porém, nos coloca diante de uma encruzilhada.

Claudio Chaves

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OS PROFESSORES não temos nada a comemorar neste 15 de Outubro de 2021?

É LÓGICO que temos, mais até do que conseguiríamos enumerar – principalmente se partirmos da etimologia do termo (“com-memorare”, isto é “recordar com”, “recordar junto com o outro”).

SE a questão é recordar, relembrar, o que não nos falta são memórias épicas de lutas, muitas frustrações, mas, também, importantíssimas conquistas.

PARA ressaltar apenas uma das mais relevantes, destaco que no século XVI, um dos nossos primeiros grandes mestres (excetuando-se os principais deles, os pajés e caciques que por aqui já se encontravam quando os europeus chegaram), Pe. José de Anchieta, já reclamava (à Coroa Portuguesa) a falta de recursos financeiros para custeio da Educação nas “Terras Brasilis”. Hoje, depois de alguns “breves” séculos de lutas, temos, definidos em lei, um Fundo exclusivo e piso salarial nacional para professores.

ISSO resolve tudo? É óbvio que não. Mas mostra, como falei, que temos, sim, o que “recordar juntos”.

ALIÁS, se “recordar é viver”, não é de mau tom afirmar que tais recordações servem também para nos alertar quanto ao momento que estamos vivendo e, principalmente, o tamanho do nosso desafio e, portanto, de nossa responsabilidade diante de tal conjuntura.

CELEBRAR SIM, MAS SEM ROMANTISMO ALIENADOR

DESCULPEM-ME aqueles que entendem que essa provocação joga água no chope das comemorações. É sério; eu gostaria mesmo de dizer apenas “Parabéns, Professor(a)!”; a questão, no entanto, é a conjuntura.

COMO diria o Pensador, eu “queria sorrir, mudar de assunto; mas na minha alma ecoa um grito; e eu acredito que você vai gritar junto”:

O AGRO define o conteúdo;

O ESCOLA sem Partido define a metodologia;

A POLÍCIA supervisiona e

O PROFESSOR obedece aos três.

COMO, em tal conjuntura, dizer apenas PARABÉNS, PROFESSOR(A)!?

AQUI, nos encontramos diante de uma, pra mim, angustiante encruzilhada: o professor da escola pública – que, praticamente no cômputo geral é egresso da classe subalternizada e “sobrevivente” desse segmento escolar – não está satisfeito com as regras impostas pelo sistema (tanto no aspecto econômico quanto no político) vigente; porém, esse mesmo [confuso] professor, em regra, se recusa a integrar, de modo consciente e espontâneo, o único mecanismo que pode reverter em seu favor e de seus pares tal situação, a saber, a luta organizada de sua classe.

DE FATO, minha nota era apenas pra dizer “PARABÉNS, PROFESSOR(A)!”, mas...