Era uma vez

Era uma vez um país abençoado por Deus e bonito por natureza, onde o povo alegre e hospitaleiro era pobre e sonhador, dividido entre uma parte trabalhadora, geradora das riquezas, que alimentavam e bancavam tudo, mas que usufruia muito pouco, e outra parte que usufruia com abundância, mas ñ produzia nada das riquezas necessárias. Interessante que parte desse povo pobre, se achava rico, por usufruir dessas riquezas, ms tbm era pobre...pobre de espírito, de princípios humanitários e de caráter. Assim, criou-se nesse país um conceito de riqueza, baseado no quanto um indivíduo ou grupo de indivíduos era capaz de acumular e usufruir de coisas, em detrimento aos demais indivíduos desse mesmo povo. Alguns desses indivíduos eram conhecidos pelo codinome Gerson, um apelido ou título criado para diferenciar aqueles que "sabiam como tirar vantagens" sobre os demais. Essas "vantagens" se consolidaram, cada vez mais, em dinheiro e poder pessoal sobre o maior número de indivíduos que se possa vislumbrar. O dinheiro e o poder propiciavam que se usufruisse de todas as coisas, tanto aquelas produzidas pelo país, como das naturais...recursos que eram dados pela natureza, de graça, ms que certos grupos adquiriram o poder de controlá-los, cobrando do povo pelo direito de acessá-los, mesmo que fossem essenciais para sobrevivência.

Tão forte foi esse conceito, que instituiram-se diversos mecanismos e esquemas, em todos os ramos e níveis da sociedade daquele país, a ponto de, até mesmo entre grupos de amigos e famílias, essas "vantagens" se tornaram objetivo preponderante nas regras de relacionamento. Assim, a ajuda, a solidariedade e a cooperação, embora ainda cultuadas como conceitos "nobres", se condicionaram à lei mor...a lei de Gerson. O país possuía um conjunto enorme de leis, conhecido como "constituição" ou "carta magna", que foi se tornando apenas literatura...romance.

A lei de Gerson era "a Lei" e, embora já existisse, em todas as partes do mundo, com outros nomes, desde o início da humanidade, foi naquele país que se aprimorou e proliferou de forma a se tornar obsessão social, passando a condicionar até mesmo as atitudes dos mais pobres. Não importa se um "rico desonesto" está tirando vantagem de um grande grupo, desde que "eu" possa tirar vantagem de alguém e, tendo sucesso nisso, possa um dia ser tão "rico", qto esse "desonesto".

O pobre queria ser honesto, com base naqueles conceitos "nobres", que ainda trazia de berço (...dos contos de fadas), mas corria e se dedicava para cumprir a lei de Gerson.

Todos naquele país sabiam o que estava acontecendo...conheciam os atos ilícitos que geravam sua própria "pobreza", mas seguiam os "mecanismos" e regras que criaram para garantir o ordem com base naquela lei.

Um dos mecanismos era uma tal de CPI, criada para "pagar" um grupo para investigar algo que todos já sabiam, ms alguns grupos negavam, pois podiam prejudicar a aplicação daquela lei em sua plenitude para esses grupos.

Então, instauravam as CPIs, confirmavam os ilícitos, ms usavam isso para barganhar e cumprir a citada lei. Assim, nada acontecia de efetivo, além da manutenção do mecanismo, garantindo que aquela lei se perpetuasse.

De fato, existia então uma única lei...o resto era conto da carochinha.

O que será que aconteceu com aquele país?