Estamos vivendo no mundo virtual e deixando o mundo real. Isso nos causa saudade dos tempos em que as pessoas se reuniam para um bate papo em rodas de amigos, jogando conversa fora, tendo uma amizade verdadeira e real. Hoje em dia, é raro reunir amigos para uma conversa pessoalmente, e quando todos se reúnem, cada um fica focado em suas redes sociais. As reuniões atuais parecem mais um velório do que uma festividade. Aliás, atualmente, são nos velórios que as pessoas mais se falam.

 

Bons tempos aqueles em que a saideira era interminável e nas reuniões de amigos não podiam faltar o "mala" e o falador. Quem nunca teve um amigo chato? O chato falador é aquele que nada está bom pra ele, reclama de tudo o tempo todo. Já o mala é o exagerado. Fala demais, faz escândalos, come demais, bebe demais e passal mal para estragar a festa. Eu mesmo já levei muito mala para hospital. O último que levei ao hospital, quando cheguei à emergência, o médico perguntou: "O que houve com ele?" Eu respondi: "Bebeu e comeu demais. Pode usar todas aquelas experiências que os médicos tem vontade de fazer e não fizeram até hoje. Não se preocupe, pois qualquer resultado serve."

 

Com esforço é possível ficar algumas horas fora das redes sociais. Sim, é possível. Eu mesmo consegui com muito esforço ficar 6 horas fora do WhatsApp, Instagram e Facebook. Foi dia em essas redes ficaram fora do ar, lembra?

 

Atualmente, o ser humano está voltado para o mundo virtual, e a maioria das crianças possuem celular. Estamos perdendo a nossa identidade física.  Criamos uma nova identidade virtual, de pessoas que ficam on-line 24 horas. É um novo ser que não dorme nunca e se alimenta de energias virtuais.

 

Nos transportes, as pessoas não se olham e nem se comunicam mais. Observando as pessoas no metrô, na rua e nos locais públicos, percebemos que elas estão o tempo todo de cabeça baixo olhando para o celular. Sentadas em seus bancos,  dão bom dia a todos amigos virtuais e sequer olham para os lados, ou dão um bom dia para quem está sentado ao lado.

 

As pessoas não têm mais tempo pra si, pois todo tempo é dedicado aos outros do mundo virtual.  Os passeios não são aproveitados como  antigamente onde as pessoas se divertiam, se conheciam e se tornavam amigos. Antigamente, as pessoas, ao acordar, oravam, meditavam. Agora, o primeiro ato é ligar o celular, ver o WhatsApp e depois acessar as outras redes sociais. Os filhos não brincam mais porque estão conectados nos celulares ou nos computadores jogando os jogos virtuais. Foi-se o tempo em que as pessoas se preocupavam com o lazer, e quando vão aos parques e jardins, ficam mais preocupadas em fazer selfie e enviar para os amigos, do que apreciar as belezas locais. Uma vez, eu estava fotografando um grupo de capivaras no Parque Chico Mendes, e presenciei um casal levar um susto e sair correndo, pois eles estavam teclando em seus celulares e não viram as capivaras.

 

Tempos atrás as pessoas viviam em função da família. Hoje, vivem em função da modernidade conectada 24 horas, com raras exceções, ou seja, a família ficou para o segundo plano.

Não podemos permitir que a tecnologia transforme nossa vida. O ser humano, para sobreviver, precisa de afeto, amor, carinho e compreensão, mas ao vivo e não virtual. Deveríamos usufruir das redes sociais, sem perder nossos princípios.

Luiz Gonçalves Martins
Enviado por Luiz Gonçalves Martins em 17/10/2021
Reeditado em 17/10/2021
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