Inteligência tola

Uma roda de conversa é uma das coisas mais gostosas que existem, mas precisamos ter um cuidado especial: não transformar a conversa numa batalha de melhor argumento.

Há pessoas que, quando conversam com outras, querem ter a melhor resposta para tudo, o melhor contra-argumento. Tudo o que seu interlocutor diz é minimizado, numa tentativa de se colocar como o cérebro que pensa em tudo, e isso é desagradável porque nem sempre a pretensão em uma conversa é de que seja feita análise crítica de todas as pontas soltas ou buracos da rede da situação abordada. Então, por exemplo, se alguém diz que foi pescar e só na pescaria percebeu que havia um buraco na rede por onde os peixes passavam, ela sabe o que tem que fazer, a menos que peça claramente um conselho.

Porém, se a outra pessoa já responde logo que não voltaria pra casa sem peixe, que teria levado tarrafa, jereré e anzol, que se preveniria, que isso que aquilo, então ela se torna chata, como se diz por aí,um "prosa ruim".

Sendo assim, é bom considerar que ouvir e ponderar é melhor do que falar por falar, sem se importar com a impressão que passa e com o sentimento que gera, afinal, poderia até ser o mais inteligente da conversa, e o mais tolo também. De modo que, a inteligência tola se impõe pela vaidade de ser, e torna-se cega em não ver tudo que perde quando só pensa em ganhar uma batalha que ela mesma inventou.