I

– Professor, o ano letivo está chegando ao fim.

– É. E nossa amizade também.

– Professor, por que nossa amizade tem que acabar? A gente levou tanto tempo para se entender. Para se dar bem. Não é uma amizade comum, passageira.

O trem se aproxima. Deve estar a uns 500 m de distância. Tarde demais. Minha hora chegou. Minha pele se arrepia toda. Calafrios percorrem minha espinha... A vida apenas começou. Em outro lugar. Noutra época. Noutra dimensão. Mas a mocinha resolve me acompanhar. Louca! Por que não me deixou partir sozinho? Ela me acompanhará por toda essa minha Nova Jornada... Tento fingir que isso não me preocupa mais. Às vezes acho que o melhor seria nem ter nascido.

Vejo alguns rostos vindo. Se aproximam. Um parente finado passa por mim. Parece mais alto, mais calmo e numa procissão rumo a outro lugar. Num túnel de terra. Me cumprimenta de modo calmo. Mas não para para falar comigo.

Eu queria voltar à Casa da Falecida que EU criei dentro de mim mesmo e em sonhos ela me reaparece e dá uma esperança não deste mundo. Essa versão de sua casa dela é o que mais me agrada nessa vida. Mais mexe comigo! Mais me faz sonhar!

E eu tenho que voltar. A minha ex-aluna voltará comigo. Eu a levarei para sua casa. Não quero ninguém andando comigo. Essa missão é só minha.

"W.", diz um Espírito, "Você será acompanhado por I. em sua Nova Jornada. Isso é uma decisão nossa. Não tente interferir."

Acho que vou permitir que a Senhorita me acompanhe. Veja! Uma pracinha! Vamos nos sentar lá no banco e levarmos uma boa conversa de umas duas horas ou mais. Pois a Eternidade se abriu. E agora é nossa....

Dáblio Vê
Enviado por Dáblio Vê em 01/11/2021
Código do texto: T7376448
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