FINADO

02 de Novembro, dia de finado. Especialmente triste nesse dois últimos anos pelo número de vidas perdidas, finadas, pelo número de famílias destruídas com a ausência imprevista de um ou mais membros em casa. Em muitos casos, quando esteio, a base estrutural de sustento da família, mais que um membro, vai-se o corpo inteiro.

Não podemos fechar os olhos, melhor ainda, não podemos tapar os olhos com um véu, pois mesmo que opaco, podemos enxergar claramente que nos últimos dois anos, no Brasil, está ocorrendo uma guerra civil de proporções tão destrutivas quanto a de uma bomba de Hiroshima. E não é só por causa do vírus, pois esse se enfrenta, embora tardiamente, com a ciência farmacológica, química, com a biomedicina cujo remédio de maior eficácia é, em sempre foi, seguramente, a vacina.

O que temos aqui é algo que não se vê pelo microscópio. É uma guerra psicológica. As ciências neste caso que servem para a cura são outras, bem mais complexas, que vão desde a sociologia, a psicologia, as ciências sociais, passando pela análise histórica, geográfica e até das letras, com influência da teologia, da antropologia, da comunicação social e das ciências políticas, portanto, uma guerra difícil de lidar, principalmente quando o país fecha justamente agora as portas para todos esses caminhos em meio a uma sociedade extremamente mista e à mercê de um poder manipulador.

Dividir essa sociedade mista, para caber aqui num texto pequeno só sendo sucinta e resumir apenas em três partes a população:

Uma, progressista, aberta para o futuro e novas tendências, estudos e diversificação de conhecimento, usando muita criatividade para ir em busca da evolução na ciência. na sociedade, na educação. Uma parcela da sociedade que tenta arduamente descontruir barreiras, tabus e preconceitos para chegar a um patamar de liberdade tal que a violência se extinga, aliada a uma justiça social onde o direito de ser é assegurado a todos, com respeito e ética,

Do lado oposto, em ideais e princípios, há a parcela bombardeada por enrijecimento e ódio, cheia de preconceitos, princípios fundamentalistas. Que nada sente com a falta de comida, com o aumento do preço de tudo num momento de crise onde há tanto desemprego. Nada sente com a destruição da natureza e das reservas indígenas (nossas raízes que corajosamente lutam para não desaparecer) e das florestas queimadas para que estas virem pastos e engordem o gado das loucas vacas que correm em busca de mais e mais dinheiro, pessoas doentes de uma ganância que nunca acaba.

No meio, uma população perdida entre religião e política, hipnotizada, ora por uma, ora por outra, vai se encostando no rebanho mais próximo e já não raciocina. Outras, se tornam apenas indefesas, esperando a morte, sem nenhuma perspectiva.

Temos que andar por esse campo minado, cuja guerra nos paralisa quando vemos tanta miséria nas ruas, esquinas, famílias abandonadas à sorte que não cabe na barraca que habitam, crianças sem proteção, tanta gente que não merecia, aliás ninguém merece, sofrendo por uma guerra de valores e tanta injustiça. É tudo uma questão de lógica. Um país jamais irá para frente quando não olha e cuida da população na íntegra,

Nesse dia de finados, a reflexão é que afinal não há fim que justifique o meio em que estamos vivendo.

Que enterremos de vez essa guerra fria.

Kawer
Enviado por Kawer em 02/11/2021
Reeditado em 02/11/2021
Código do texto: T7377259
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