A vacina que falta
Sou de uma época em que as vacinas chegavam às escolas e a garotada ficava todo apreensiva. Muitos de nós tentávamos escapar das filas, que eram enormes e coordenadas pelas professoras. (Na minha escola, só havia educadores do sexo feminino, ou seja, educadoras.) Faz tempo. Era o período de 1970-1974, no antigo ensino primário. Não sou tão velho assim. Hahahaha...
Salvo engano, era um tempo em que não se misturavam questões vacinais com politicagem. É o que eu disse: “salvo engano”.
Hoje o que se percebe é a influência incisiva de políticos dando pitacos e deliberando sobre as questões vacinais, notadamente quando se trata da prevenção à covid-19. A coisa tomou um rumo político daqueles que “sai de baixo”. A meu ver, briga por poderes. Por um lugar ao pódio.
Cada qual tem a sua opinião a respeito e eu respeito muito cada opinião, sem medo da contradição. Não defendo A nem B, nem C, e assim por diante. Defendo, sim, o bom-senso.
Então. Conversa vai, conversa vem. Estamos quase todos vacinados com a segunda dose. Muitos já estão quites com as doses de reforço. Parece que as coisas vão mesmo rumando para a normalidade do trânsito das interações humanas. O desafio da convivência, em tempos ditos normais, que não são tão normais assim. Aliás, um “deus-nos-acuda”.
Agora, cartão de vacina em dia, fiquemos atentos à vacina que falta. Sim, ainda falta uma vacina, que, a meu ver, é essencial para a vida na Terra.
É a vacina contra o egoísmo e o orgulho. É a vacina contra a arrogância e a intolerância. É a vacina contra o apego. É a vacina contra a corrupção. É a vacina contra o preconceito de todo o tipo. E por aí vai...
Enfim, nada que uma mente ocupada nas tarefas do bem-comum possa resolver.
Pois, a meu ver, é esta a vacina que falta.