Pobre palhaço
Lembranças mortas deixadas ao relento,
palavras perdidas nos vãos do silêncio,
sentimentos torpes,
de um pobre palhaço sem trupe,
sem casa, sem circo
Na negra agonia que o nutre.
Numa canção cantada na infância,
Sobre algo que morre, não dança,
Carregando no peito sua máquina humana,
Um coração que não bate, arranha.
E na garganta um grito selado,
Amargo, gelado...
E o triste palhaço não sabe sorrir,
só faz sorrir...
Mas não sabe para onde seguir,
e sua peregrinação continua
nessa vida, nessa terra,
Porque o corpo se vai, mas a lembrança jamais.