A MENINA DA PEDRA AZUL

Era pobre e ficava na encosta dos montes o casebre onde viviam Sofia e seus avós. A menina, órfã, foi criada por dona Rosa e seu Francisco. Após a morte prematura da filha única, dona Rosa pegou para si o encargo da criação da neta.

Depois da escola, Sofia ficava a perambular em volta do casebre , ora correndo atrás do cachorro Peão, ora brincando com suas duas bonecas. Presente do padrinho rico. Homem da capital.

Eram poucas as amigas de Sofia, visto o retirado em que moravam. Por este motivo e por conta da solidão, o que a menina mais gostava de fazer era ficar olhando os morros em volta. Um deles, o Morro do Lençol, diziam, no vilarejo, que esse nome foi dado pelas vezes em que foram vistos vários vultos envoltos em lençóis brancos.

A curiosidade e o temor aguçavam a alma infantil de Sofia que ficava a imaginar quem seriam essas estranhas criaturas. O medo a dominava e ela mudava seu pensamento. Isso tudo era demais para a sua mentalidade de oito anos.

Pois foi o dia em que seu cachorro, o Peão, desapareceu e a menina passou a buscá-lo chamando-o por todos os lugares e após tanta caminhada, tanto se afastar de casa, que a menina, sem notar adentrou no morro. Não percebeu que estava subindo o Morro do Lençol.

O tremor toma conta do seu pequeno corpo, os pés derrapam e as mãozinhas se agarram as pedras da montanha. Quando então, uma pequena pedra salta do pedregulho e o seu brilho azul encontra os curiosos olhos azuis da menina

Misto de pavor e alegria tomam conta de Sofia que desce correndo o restante do morro. Na planície encontra Peão, que estranha o modo de sua dona. Com a mão fechada carrega uma pedra, que ela não sabe ser preciosa.

Num sobressalto dona Rosa recebe a neta. A menina cansada traz no olhar um brilho e na mão uma pedra Turqueza.

Seu Francisco se aproxima e toma conhecimento das novidades trazidas por Sofia. Mesmo desconhecendo o valor da pedra, vai ao bar e entre uma pinga e outra, conta aos amigos o achado da neta. Além dos fregueses habituais se encontram no bar estranhos garimpeiros que ouvindo a história do velho, resolvem subir o Morro do Lençól.

O retorno dos exploradores de pedras é comemorado por todos. O chefe do grupo presenteia dona Rosa com uma linda pedra azul, que é colocada como adorno na mesinha de centro..

Dona Rosa acorda e corre a sala para acariciar o presente. A mesa está vazia, mostrando que a pedra foi roubada.

Todos ficam paralisados e entristecidos enquanto Sofia olha para a sua pedrinha azul e pensa que um dia ela será um lindo anel.

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 16/11/2021
Reeditado em 17/11/2021
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