Ninguém fica para semente.

© Edir Araujo

Essa todos nós sabemos que é uma expressão idiomática muito recorrente por aqui. Em Portugal, principalmente, essa expressão é utilizada para dizer que todas as pessoas um dia irão morrer. Embora seja uma realidade ninguém gosta de falar em morte. O bom é falar em vida, em toda a sua plenitude. Mas como o tema aqui é morte, vamos lá! Estive pensando na rainha por esses dias. Então vamos falar da rainha, por exemplo. A Rainha Elizabeth tem 90 anos. Será que a rainha também um dia vai morrer? Li outro dia que todos os preparativos para o sepultamento da rainha estão sendo feitos. Por que? Porque todos na Corte sabem que um dia ela vai morrer. Ela também tem noção disso, e isso angustia o espírito.

Estão tomando as providências necessárias para que não haja atropelos de última hora. Por mais que se viva ninguém quererá morrer.

Uma simples admoestação: Viva como se tivesse certeza que morrerá amanhã. Ela não faz distinção de ninguém. Leva tanto o pobre miserável, indigente, para a cova rasa, quanto o nobre e o rico para o suntuoso mausoléu. Silvio Santos tem 90 anos. Uma pessoa carismática, entusiasmada, mas um dia... Quando acordamos de manhã devemos dizer: Obrigado, Senhor, por mais um dia de vida. Ou seria melhor dizer "por menos um dia..."

O grande escritor Jorge Amado morreu aos 88 anos,

dizendo: "Por mais que se viva ninguém quer a morte."

O poeta e filósofo libanês Mikhail Naimy viveu 99 anos, dizendo: "Os esqueletos dos reis são apenas esqueletos."

As pompas fúnebre são belas e emocionantes mas não trazem ninguém de volta à vida. A verdade é que ninguém está preparado para morrer. O melhor seria não ter tempo para pensar nela. Há uma saudação árabe que diz: "Vida longa e feliz e morte rápida e tranquila" Isso é tudo que podemos desejar, uma vida longa, e já que a morte é inevitável, que seja rápida, sem sofrimento.

Só comecei a tomar juízo depois dos 40 anos. Até os 40 eu não tinha juízo nenhum. Fiz muita merda. Tudo errado.

O problema da velhice (embora ainda não me considere velho) é ficar pensando, lembrando, dos erros do passado. Hoje eu faria tudo diferente, mas... Ah se eu tivesse a cabeça que tenho hoje! Eu faria melhor, muito melhor. E as oportunidades perdidas? Foram tantas!! Tive muitas oportunidades na vida, inclusive na área financeira, mas não soube aproveitar.

Quando eu morrer gostaria que fosse bem rápido. Porque se você tiver tempo pra recordar, corre o risco de cair em profunda angústia. Então é isso aí... se a morte é inevitável, que seja assim. Como disse Mário Quintana:

"Um dia...Pronto! Me acabo.

Pois seja o que tem de ser.

Morro: Que me importa?

O diabo é deixar de viver."

Há que se ter medo do sofrimento e da dor, mas não da morte, pois ela é inevitável e morrer é tão somente voltar ao estado de antes de nascer. Há, portanto, que se cuidar da saúde para garantir longevidade e boa qualidade de vida. Para tanto basta praticar atividade física regularmente, ter alimentação saudável, atividade mental elevada e atividade sócio-cultural estimulante. No mais, vida longa e morte rápida para todos!

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Autor de A passagem dos cometas, Risos e lágrimas, A boneca de pano, Fulana (inédito) e muitos poemas, crônicas, contos, microcontos e artigos publicados na web "ad aeternum".

Edir Araujo
Enviado por Edir Araujo em 22/11/2021
Reeditado em 26/11/2021
Código do texto: T7391699
Classificação de conteúdo: seguro
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