ERA UMA VEZ...

ERA UMA VEZ...

"Como eu fotografei MUITO nessa

época, lembro que tinha uma foto

parecida desse dia (se não estiver

enganada) mas perdi a fotografia.

M.Z. (trecho de email, 2/jun. 2013)

-- "Você está acompanhando um relato histórico, na Capoeira o que conta são as "viagens", as estórias, as "passagens" !, interrompeu irritado o polêmico me. Romão a um jovem na platéia do evento "Viva Zumbi, Gira Roda" em novembro de 1987. Nunca soube que era o jovem audacioso (e seu amigo) naquele debate. Sem PRESENÇA e muito menos nome na Capoeira de Belém -- tanto naquela época quanto nos 30 ANOS que se seguiram -- eu desafio a qualquer um ME APONTAR num só dos 40 ou 50 Batizados que sucederam nesse extenso período, exceto no de Marituba em 1990 e por um bom motivo: fui levar o jornalista Carlos Ano Bom, que filmou o evento com permissão de mestre Beto.

Muito do conceito que me destinam vem em razão de ser irmão do professor "Carioca" que a maioria (exceto êle mesmo) vê como Mestre. Só por isso acabei frequentando o SESC da Doca (em Belém) e findei JURADO -- junto com Romão e um "pai-de-santo", Reginaldo, me parece -- do grandioso evento promovido pelo magnífico cenógrafo Luís Carlos Morais.

Nas voltas que o Mundo dá, eis que somente agora leio com a devida atenção os 15 ou 20 emails que a afoita moçoila MZ me enviou (creio que desde março/2013) e onde confessa que... "passei uma história pela metade". Minha preocupação é saber HOJE que História ela escreveu em sua Monografia de 1993/94, se nesse email citado acima me diz textualmente que "tenho interesse em RESGATAR essa história QUE EU PARTICIPEI (...) estou a procura desse Passado que vivemos" (?!) (e)... "eu gostaria de poder contar contigo". (Mas, SE PARTICIPOU, como nada sabe dele ?!)

Ora, se eu NÃO PARTICIPEI efetivamente dos eventos da Capoeira local, como posso AFIRMAR a presença dela neles ?! Meu irmão, que visitou perto de 30 academias (de Icoaraci a Castanhal) em uns 50 momentos distintos, poderia fazê-lo... só que, segundo êle, nos anos 90 só a viu em Rodas e treinos no SESC-Doca, uniformizada mas como "secretária" do Depto de Esportes, comandado por um certo Aldorivaldo Segura... com uma prancheta nas mãos. Ainda professores, os hoje mestres "Laíca", "Rai" e seu irmão Nonato (falecido), o simpático fotógrafo prof. "Brás" e muitos outros, sustentaram por vários anos a Capoeira na praça da República... onde estava ela ? Me envia foto de lá, 1992 eu acho, com Bira jogando com meu irmão, quase insinuando "que seria foto sua" e que "capturou" num site do meu irmão, o do BLOGSPOT com certeza, até porque não tem outro.

QUERIDA MZ, naquela época só havia 2 ou 3 sujeitos registrando tudo por lá... o "Brás" vez ou outra e o fotógrafo profissional "EDSAM" (Edmilson Sampaio), que contratávamos para esse fim. Fora êles, um "presunçoso Japonês" que Belém inteira conhece nos negou cópia de fotos em p/b que fez de Roda em 1990/91 e nosso amigo Carlos Mello eternizou num domingo de 1993 Roda feita "na marra" e no sol que, suponho, tenha te registrado, se é que era você... sem a tal máquina fotográfico que escreve você que tinha ! Não me lembro da amiga fotografando o "Viva o Zumbi", embora tenha me dado 2 fotos do evento; curiosamente, consegui outras duas de uma jovem branca e gordota (da Cid. Nova 2, bem longe da tua casa) e elas "são irmãs", fotos feitas do mesmo ângulo e com as mesmas pessoas, "Zumbi" e "Docinho". Logo, concluo que não são suas as 4 fotos deles !

A hoje Senhora insiste nos seus emails ser "uma das primeiras pessoas a pesquisar" a Capoeira de/em Belém e de tanto repetir isso vai acabar acreditando ! Não parece ter lido De Campos Ribeiro (edição de 1965), nem Vicente Salles (anos 70) e nem o próprio orientador dela, Augusto Leal, com tese de 2003, eu acho. Pesquisei em jornais de Belém, entre 1989 e 91, por vários meses -- além do que havia em nosso acervo -- e produzi 10 ou 11 pags com relação das reportagens & notas, trabalho do qual deixei cópia nas mãos do prof. Vicente Salles em 1995/96, diretor do Museu da UFPA nesse período. Com relação a CONFIRMAR a presença da pesquisadora na Capoeira ou no CCC... não posso fazê-lo !

"NATO" AZEVEDO (em 24/nov. 2021, 17hs)

OBS: na foto, o treino de maculelê com tochas, em 1989... no show só compareceram 2 meninos!

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(trecho de texto meu, em email de 14 de março de 2014)

A jovem MZ inicia/finaliza uma Tese de Mestrado sobre Capoeira, a de Belém, suponho. Como diria meu irmão, professor "Carioca"..."também faço parte dessa História!", mesmo sem o querer, embora o Centro Cultural - CCCP que fundamos e levamos "na marra" tenha sido um "festival" de tentativas, ilusões e insucessos. Mas, não preciso dar depoimento algum... o arquivo do CCCP se encontra na casa de um amigo e, em mais de 160 ofícios, lá está a história de nossa luta, é claro que sem as horas de espera em gabinetes e pontos de ônibus, sem o dinheiro gasto em cartas, em xeroxs, em jornais e revistas, em fichas e cartões telefônicos, em madeira, cartolina, tubos de ferro e plástico para as exposições, em "grana" para filmes e revelação de fotos e mais, muito mais... as 40 ou 50 visitas (de meu irmão) a quase 20 Grupos locais e a 1 em Castanhal, além de apoio nos Batizados e eventos de alguns deles.

A pesquisadora (ainda é cedo para tal título, querida) me sugere esquecer as MÁGOAS. Diria melhor se falasse em revolta, INDIGNAÇÃO! É do injustiçado jornalista Lúcio Flávio Pinto declaração magistral, na revista AMAZÔNIA, nº 5, 1989: "A indignação é fruto de anos e anos de injustiças e prejuízos... e quem se indigna está coberto de razão"!

PESQUISAR qualquer estudante o faz, meu amigo JOTTADOM pesquisa há vários anos a vida das Misses, começando lá nos anos 50... passei ano e meio nas bibliotecas do CENTUR tentando localizar as origens da prática em Belém desde os séculos anteriores, em jornais e livros, nem por isso me vi pesquisador, que exige curso específico na área da Biblioteconomia, suponho. Curiosamente, tive até carteira de pesquisador, dada por uma Federação em 1990, nesse "país sério à nossa maneira".

O Centro Cultural nasceu condenado ao fracasso, o interesse por uma modernização da Capoeira local era nenhum. Na segunda reunião, quando da escolha do símbolo, no SESC, uma reles briga na avenida "esvaziou" o recinto... das 23 pessoas presentes restaram 3 ! Dos 13 símbolos expostos, votou-se apenas em 3 ou 4, desenhos sem cores ou retangulares foram ignorados e a identificação dos autores influenciou na escolha do boa parte dos votantes. Nossa proposta de "REBAIXAR" a graduação de todos os instrutores e professores (para a CORDA AZUL, de aluno formado) escandalizou meia Capital. Nosso objetivo era APRIMORAR todo mundo com cursos -- via FPC - Federação Paulista, a melhor (e única?) na época -- e só a partir daí VALIDAR realmente as graduações, de forma profissional.

O fato era que boa parte dos que ensinavam -- entre 1987 e 1994 -- só sabia JOGAR, a parte de ginástica específica, de aquecimento e alongamento, as sequências de Bimba, treino de movimentos e golpes EM DUPLAS, CANTO E TOQUE de instrumentos... nada disso era ensinado em boa parte dos Grupos, além da "tradição" do dono do grupo -- já com título de mestre ou contramestre -- passar a tarefa DE ENSINAR para "segundos ou terceiros". Espero que ninguém me desminta, vi isso diversas vezes nos poucos Grupos que visitei. Mas, nada disso importa, é fato comum no Brasil inteiro. (CONTINUA...)