QUEM FOI a Primeira MULHER...?

Muitos homens da política apostavam no “derretimento” da Carlota.

Vieram os ventos políticos, nasceu o sol sobre o Brasil e aquilo que derreteu de fato... foi o orgulho machista. Elegeu-se a primeira mulher para o cargo de Deputada Federal, Carlota Pereira de Queirós.

Já se passaram 87 anos desde o discurso de posse dela no Palácio Tiradentes, onde funcionava a sede oficial da Câmara e da Assembleia Constituinte, no Rio de Janeiro. Lembrando, aqui, que a “Cidade Maravilhosa” era nesse tempo ainda a capital da República.

Um detalhe interessante que eu (Tex) extraio da página “Congresso em Foco”, está na dicotomia causadora de um debate cujos ventos sopravam naquele ano.

ASPAS abertas

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(...)

- Visões divergentes -

A primeira parlamentar brasileira nunca se assumiu feminista. “Nunca fui, nem sou feminista, entendendo-se por feminismo as mulheres que pediam o direito de votar e falavam em reivindicações. Partidária da emancipação da mulher pelo trabalho, adaptei a minha ideia”, disse a deputada, logo após sua eleição, em entrevista ao Globo. Preferia se referir a discussões “femininas”. E acabou tendo desentendimentos com outras ativistas à época, como Bertha Lutz, deputada eleita pelo então Distrito Federal na legislatura seguinte e um dos ícones do feminino no Brasil. Próximas inicialmente, as duas se afastaram gradativamente por visões divergentes sobre como deveriam pautar seus mandatos. Para Bertha, Carlota se distanciou da luta das mulheres ao encampar um discurso mais regionalista, em defesa dos interesses de São Paulo, em vez de se assumir como representante da população feminina.

Na Constituinte, Carlota fez parte da Comissão de Saúde e Educação, elegendo a alfabetização e a assistência social como suas prioridades. Foi de autoria dela o primeiro projeto sobre a criação de serviços sociais. Uma emenda da deputada viabilizou a criação da Casa do Jornaleiro e do Laboratório de Biologia Infantil. Após a promulgação da Constituição, em 17 de julho de 1934, ela teve o mandato prorrogado até maio de 1935. Reeleita pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, seguiu na Câmara até 1937, quando foi instaurado o Estado Novo (1937-1945).

Carlota lutou pela redemocratização e, depois, tentou sem sucesso voltar à Câmara. Em 1950, Carlota fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas, entidade que chegou a presidir.

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ASPAS fechadas. Confira esse trecho em:

https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/nunca-fui-feminista-dizia-paulista-eleita-primeira-deputada-do-pais/

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Outras peculiaridades (sobre essa primeira ocupante de uma cadeira parlamentar) são trazidas pela repórter Dimalice Nunes, conforme publicadas na revista “Aventuras na História”*. Segue aqui um trechinho.

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Parente de proprietários de terras de Jundiaí (SP) e de fundadores do jornal “A Província de São Paulo” (depois, “O Estado de S. Paulo”), Carlota Queiroz havia sido preparada para ser uma dona de casa. Formada pela Escola Normal da Praça, em 1909, começou a lecionar. Mas não era uma professora comum e logo se interessou por métodos modernos de ensino, como os sistemas Frobel e Montessori. Chegou a apresentar suas pesquisas em congressos internacionais, na década de 1920.

No seu diário, Carlota Queirós escreveu: “Desiludi-me com a carreira de professora. O meio era acanhado, não havia grande futuro, os melhores lugares eram dos homens. Eu aspiro a mais. Deixei o magistério público, continuando a dar aulas particulares para ter certa independência econômica”.

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*https://aventurasnahistoria.uol.com.br/

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Voltando e finalizando aqui, o Tex.

Uma coisa que deve ter se passado nas cabeças dos orgulhosos marmanjos da política naquela época, ao perceberem que a Carlota não “derreteu”, deve ter sido:

— “Mamãe, me acode!”