Calendários

Hábito comum entre as empresas no mês de dezembro era a distribuição de calendários do ano novo, as famosas “folhinhas”. Seus modelos eram diversos e o grau de sofisticação dependia do porte da empresa que oferecia, passando desde o que se arrancava a “folhinha” a cada dia, o dia passado, quase sempre estampando a imagem de um coração de Jesus, aos mensais, com ilustrações simples, até as belas fotos de modelos do famoso Calendário Pirelli, sempre presente nas barbearias ou nas oficinas mecânicas, locais em que tinha o seu ponto de entronização. Os distribuídos atualmente, de forma escassa, já não se distinguem mais pela beleza, atendo-se aos dias do ano, em imagens padrão, com uma raríssima exceção feita aos pintores com a boca e com os pés, que produzem verdadeiras peças de artes que encimam esses calendários. Hoje, com os recursos oferecidos pelos aparelhos celulares, as agendas eletrônicas mostram não apenas as datas, como programam alarmes para tudo, desde o aniversário de alguém até o lembrete de tomar um medicamento, o que torna os calendários antigos sem a mesma importância que tinham no passado, parecendo estranhos às novas gerações, que nem imaginam que eram neles que tudo era marcado, ajudando a lembrar os compromissos diversos.

Por curiosidade é bom saber que essa história da contagem dos dias vem de longe, tanto no tempo como no espaço. O ano, 2700 a.C., e o lugar a Mesopotâmia, provavelmente desenvolvido pelos sumérios e aprimorado pelos caldeus, sendo que o modelo de registro meses e dias utilizados hoje, vem de 1582, instituído pelo papa Gregório XIII.

E por que essas lembranças aportaram por aqui? Tudo porque numa compra recente, uma simpática atendente perguntou se eu não queria levar um calendário de brinde. Com a ‘folhinha” na mão lembrei de uma velha mania (“que a gente tem, mas não sabe porquê”, com cantava o poeta) e fui logo na direção do mês de abril para ver o dia em que cairá o meu aniversário o ano que vem. Não sei se essa é uma mania só minha ou se faz parte do universo de excentricidades de outras pessoas também, não se encerrando apenas com a procura do futuro natalício. A busca se estende ao carnaval, à semana santa, ao Natal, aos feriadões e tudo que marque uma alegria antecipada por conta dos períodos de folga que virão. Mesmo hoje aposentado, com todos os dias transformados em sábados ou domingos, o interesse por essas datas continua ativo, por se tratar de uma oportunidade de festejos familiares livres de trabalho e escola.

Dito tudo isso imagino que tenha batido uma curiosidade e, antes que avance em seu celular para olhar o calendário em busca das datas do seu interesse, já antecipo algumas delas. Primeiro de janeiro será um sábado, nada portanto de feriadão. O carnaval será no dia 1 de março, mas não bote muita fé que ele acontecerá, pois parece que o bom senso irá prevalecer entre os governantes. A sexta-feira santa, dia 15 de abril e o primeiro de maio será num domingo, que já é um dia sem trabalho. Sete de setembro e doze de outubro, numa quarta-feira, sendo um pouco complicado para imprensar, a menos que trabalhe no parlamento. Feriadão à vista só o de 15 de novembro que cairá numa terça feira. Já o natal do ano que vem será num domingo. Por fim, uma informação importante, uma vez que foi o que deu origem a essa conversa: o meu aniversário, 21 de abril, será numa quinta-feira, com direito a feriadão e tudo, presente para mim e para todos. Ficou curioso para olhar o seu também? Corra para a sua folhinha eletrônica. Essas datas, antes buscadas nos calendários de papel, de há muito, estão por lá.

Fleal
Enviado por Fleal em 30/11/2021
Reeditado em 30/11/2021
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