Sensação de Liberdade

Depois de mais um ano confinada, em casa, por conta da pandemia voltei ao trabalho com aquela sensação de liberdade, respirando ar fresco e feliz ao ver o movimento de carros e pessoas. Este ano precisei retornar a minha instituição de origem a fim de obter um benefício e, daqui a 5 anos, me aposentar. Já tenho tempo e idade para a tão sonhada aposentadoria, mas como para mim o trabalho sempre foi prazeroso, por fazer aquilo que gosto, o tempo foi passando e ops, já conto com mais de 30 anos de serviço público estadual. Confesso que nunca fui consumista, não acompanho moda, gosto do que me deixa confortável e quase sempre tem baixo custo, nada meu é exagerado, tudo dentro de um limite aceitável, mas confesso que nos anos de 2018 e 2019, andei comprando roupas, calçados e bolsas mais do que precisava. Ano passado e este, nada de compras, até porque a pandemia provocou o isolamento logo em março de 2020 e aqui em casa fiquei. Pois bem, voltando a falar sobre consumo me veio a mente uma história que ouvi sobre o filósofo Sócrates, um dos meus preferidos, que ia todos os dias à feira em Atenas e nada comprava. Um feirante que sempre o observava, curioso, perguntou se nada ali lhe despertava interesse, quando o filósofo respondeu que nada comprava porque já tinha tudo o que precisava. Pois penso da mesma forma. Outro dia abri o guarda-roupa e não é que me veio uma sensação prazerosa ao verificar que tenho tudo que preciso para usar durante esses próximos 5 anos até me aposentar sem me preocupar em adquirir coisa alguma. Isso me deu uma sensação de liberdade, leveza, desprendimento. Quando for ao shoping pretendo ter um momento agradável, que apelidei de “Passeio Socrático” sem ser preciso ir em lojas, procurar algo, a não ser que haja uma promoção bombástica, dessas que não dá para resistir. Já não faço planos para daqui a 5 anos, até porque não gosto de fazer planos a longo prazo, principalmente nos dias atuais de que nada sabemos, apenas vou deixar o tempo passar, vivendo, administrando cada etapa da vida e pedindo a Deus que me dê saúde e lucidez até o fim dos meus dias.

Cláudia Coêlho
Enviado por Cláudia Coêlho em 05/12/2021
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