No fundo o que mais queremos é ter alguém que traga o café sem açúcar, no último minuto do segundo tempo (ou nos minutos finais da prorrogação), espontaneamente, quando sua mente exausta impinge ao conflito entre consciente e inconsciente: é um tipo "exaustê": A exaustão que está em mim cumprimenta a que está em você.

A consciência também precisa de umas pausas, além, é claro, de acordar os neurônios do tipo bastonetes (alinhados um a um), que começam a se desentender por causa do atrito e precisam de um momento de paz. Quem pensa demais. enxerga de menos. Nada de "meter os pés pelas mãos". Só quem escreve sabe o quanto a experiência criativa é fascinante e frustrante, ao mesmo tempo, uma diáde incoerente e inconstante. Pega logo a mochila e vai... Na escola da vida os homens usam materiais diferentes para adquirir conhecimento.

Mochila pesada essa que carrega as loucuras de um cotidiano em que a convivência é temática para um desenho nada tradicional, idealizado num quadro de parede: amores vem e vão como o tempo? O nascimento é deleite para uma mãe em plena ascenção por descobrir-se geradora de vida: amor maior não há? A saudade é listada, cronologicamente, num diário que vê suas páginas sendo viradas dia a dia: a vida acontece por acaso do livre arbítrio? No papel de pão ou no guardanapo de restaurante, as letras são torneadas para construir as colunas de um castelo de amor: somos feitos de areia? O perdão é externando como um ponto final ou a dor de viver os últimos dias no hospital é expressão de reticências: as paredes de um leito de morte viram cenas de nudez de alma.

E o que dizer, daquele momento crucial em que as palavras parecem fugir da realidade, deixando como reféns os próprios pensamentos, como se as alças pesassem as costas? A solução seria letras em férias? Ou um gênio da lâmpada e uns três desejos realizados? Não fariam mal a ninguém. Vale um "pé na areia, caipirinha, água de coco, cervejinha?" Férias quem tira é quem escreve, pra revestir o corpo de sensações que só as letras explicam e preencher os vazios. O resto é areia ao vento. A mochila está pronta? Já até me esqueci do café, esfriou.

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 21/12/2021
Reeditado em 21/12/2021
Código do texto: T7412158
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