Pausa Para Uma Conversa: 2022.

Os esparsos fogos de artifícios anunciam timidamente o ano novo, não por respeito aos animais, idosos e autistas que possuem maior sensibilidade aos efeitos sonoros dos estouros que anualmente marcam a transição do ano velho para o ano que se inicia. As grandes festas com artistas nacionais em grandes espaços, sejam eles públicos ou privados, só são permitidas em cidades com 70% ou mais da população imunizada, o que permite conter o avanço de mais uma variante do Covid-19.

Porém, no país conhecido pela impunidade, não parece ser tão difícil burlar essa e outras recomendações adotadas por alguns estados e muitas cidades Brasil afora, que tentam das mais variadas maneiras impedir novos casos de contaminação pelo vírus. Essa é apenas mais uma banalidade para quem cobra propina de um dólar por dose de vacina, falsifica comprovantes de vacinação para ter acesso aos espaços e quer desobrigar aplicação de vacinação em crianças de 5 a 12 anos.

Em alguns casos, até as reuniões de família foram pensadas duas ou mais vezes antes dos convites serem enviados pelas redes sociais e aplicativos de conversa. Pois, além de termos que combater o Covid-19, o vírus da gripe Influenza H3N2 está mais agressivo que nos últimos anos. A cruzada da natureza contra a humanidade para sobreviver frente nossa ação danosa dos últimos séculos alcançou novos patamares além das catástrofes climáticas, agora temos que nos preocupar com a guerra biológica.

Na esteira da crise sanitária, que muitos acreditavam estar superada, a política econômica atual empurra diariamente os brasileiros para abaixo da linha da pobreza criando uma massa cada vez maior de miseráveis. Para o país que até alguns anos atrás, mais precisamente em 2014, tinha superado a pobreza saindo do mapa da fome da ONU, saber que apenas uma entre quatro de suas crianças faz três refeição por dia é mais do que alarmante, para quem é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo.

O Natal de muitos brasileiros só não foi pior por causa das cozinhas solidárias que estão se proliferando pelo país mantendo 26 espaços distribuindo almoço grátis para famílias das periferias brasileiras. Projetos como o “mãesdafavela” da CUFA, que desde o início da pandemia mobilizou a entrega de mais de 3 milhões de cestas básicas físicas e ultrapassou o valor de 20 milhões de reais em cestas básicas digitais no valor de R$ 100,00, ajudando milhares de mães das favelas brasileiras.

Esses são apenas dois exemplos, diante dos inúmeros anônimos que com o pouco que tem ajudam diariamente a população mais necessitada, seja com alimento para as famílias, brinquedos para crianças, ajuda para animais de rua, o que lembra muito a fala de um certo galileu, que disse: “pois, eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram”.

Ele ainda completou: “o que vocês fizeram a alguns dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”. Pode até parecer, mas adotar essa postura ensinada a mais de dois mil anos atrás diante da realidade atual não se trata de religião, sim de humanidade. Talvez, em 2022 sejamos mais humanos com nossos semelhantes e deixemos de lado o preconceito pela cor, a discriminação de classes, a intolerância religiosa e política, para ajudarmos uns aos outros como ele nos ensinou!

Elcio Aldrin Pantoja da Costa
Enviado por Elcio Aldrin Pantoja da Costa em 02/01/2022
Código do texto: T7420170
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