ENSINAR E CALAR.

“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”. Nelson Rodrigues.

Ensinar o que já se sabe e a trivialidade, fazer transitar em qualquer espaço, é perda de tempo e ausência de docência simplória. Ninguém na busca do principal se ocupa com o acessório conhecido às largas, desprezível como conhecimento.

No mundo a própria poesia que encantava perdeu para a censura prévia espalhada na indiferença do sentimento cósmico. Basta percorrer dicções e pátrias. Como o látego da vontade suave e doce que se esvai na crueldade da chibata em castigar.

Os passeios da subida da montanha para estar mais perto do céu e encontrar o sol, freqüentados pelos espíritos e almas serenas, se perdem no contexto que esgrime sufocado com as asas antes libertas. É o que vemos em nossos dias onde o arroubo de surgir das sombras em que todos se escondem da celebração impossível, fica asfixiado pela perda do canto. Ganha corpo em páginas universais.

Ninguém ensina o óbvio que se particulariza nas pequenas particularidades de acesso simplório, e “bardos” de ensinamento universal só nos chegam dos grandes cérebros, nunca de criações cerebrinas que restringem liberdades.

Como se vê e como se faz, na literatura que vaga, a aspereza salva o encômio caricato sem sucesso, subsiste o ensinamento roto e despedaçado entre frestas abertas, que saltam do escapulário que nenhuma proteção oferece e se fortalece na dicção. Perde-se o veio do ouro que mergulha na terra para surgir brilhando, não mais como especiaria como no diamante lapidado, mas com a mancha do carvão que tira sua nobreza mesmo após a lapidação.

Atravessamos dias em que sair de trevas espessas necessita de passos largos e atenta vigilância.

A normatização do absurdo, as ordens que geram desordens e negacionismos que violentam direitos mais relevantes por serem naturais, concedidos por Deus, não só incomodam, nos fazem crer que hospícios foram abertos para insanos dirigirem destinos coletivos.

Se era difícil conhecer o mundo e suas gentes, rotular de imprestável o ser humano, agora muralhas das cidadelas medievais foram erigidas para tornar as distâncias maiores, medidas agora pela velocidade da luz, e tudo sem criar paredões contra a insanidade. Seria o isolamento em que se vive o vetor? Ou as masmorras do coração continuam a fustigar o interior de cada um e a própria humanidade que não consegue se livrar das cadeias do mal?

“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”. Eisntein.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/01/2022
Reeditado em 07/01/2022
Código do texto: T7423983
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